Auto-humilhação

Recuperado da covid, Lula retoma atividades e cutuca Bolsonaro por suposta conversa com Biden

Ex-presidente diz que "não acredita" que seja verdade que atual mandatário pediu "ajuda" ao presidente dos EUA

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

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Ex-presidente concedeu entrevista a rádio mineira nesta terça (14) - Reprodução/YouTube

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta terça-feira (14) que está recuperado da covid-19 e vai retomar as atividades presenciais na pré-campanha visando as eleições de outubro. O próximo evento público será nesta quarta (15), quando visitará a cidade mineira de Uberlândia, na primeira atividade ao lado de Alexandre Kalil (PSD), pré-candidato ao governo de Minas. Em entrevista à Rádio Vitoriosa Uberlândia nesta terça, Lula confirmou a visita, e aproveitou para alfinetar o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL).

"Ele foi lá segundo a imprensa americana pra pedir pro [presidente estadounidense, Joe] Biden ajudar ele a não deixar eu ganhar as eleições. Será que isso é verdade?", indagou Lula. "Por Deus do céu, não acredito que seja verdade, isso é se humilhar demais. O 'seu' Bolsonaro precisa criar coragem e conversar com o povo. Parar de fazer motociata, bicicletada, cavalada, aviãozada. Só sabe fazer essas coisas que envolve os milicianos dele", afirmou o ex-presidente.

Com a voz mais rouca que o habitual, Lula disse que recebeu autorização médica para viajar, pois está livre da contaminação pelo vírus da covid. Porém, disse que usará máscara em caso de aglomeração na cidade mineira nesta quarta "para evitar abuso com uma doença que a gente ainda não conseguiu debelar".

O ex-presidente, que esteve recentemente nas cidades mineiras de Belo Horizonte, Contagem, Governador Valadares e Juiz de Fora, disse que escolheu Uberlândia como palco para a primeira atividade ao lado de Kalil por considerar que a cidade é uma das mais importantes do país. Destacou, ainda, a importância da região do Triângulo Mineiro como um polo de desenvolvimento em comércio, indústria e agronegócio. Para ele, o palanque ao lado de Kalil será fundamental na campanha para voltar ao Planalto.

"O Kalil tem dinamismo, tem pegada, tem disposição. Juntos, vamos fazer esse país ficar muito melhor. O povo precisa comer, trabalhar, estudar, ter acesso a lazer e cultura, poder criar sua família em paz, sem a quantidade de ódio e mentira que temos hoje. Por isso ele foi escolhido para fazer a dobradinha em Minas Gerais", disse. "Se a gente ganhar as eleições para presidente, ganhar Minas, ganhar São Paulo, ganhar Rio de Janeiro, a gente pode fazer uma revolução neste país do ponto de vista do crescimento econômico e da distribuição de renda, é isso que a gente tá precisando no Brasil".

"Encontrando um Brasil pior"

Ao comentar o cenário que tem encontrado desde que iniciou a pré-campanha, Lula afirmou que o país está pior que na época em que assumiu a presidência pela primeira vez, em 2003. Citou índices de inflação e taxas de juros, que estão mais altos, e afirmou que o empobrecimento salta a olhos vistos nas cidades.

"Precisamos fazer a roda da economia girar, e pra girar, o pobre precisa ter acesso ao consumo, dinheiro pra comprar uma roupa pros seus filhos, comida. Essas coisas que precisamos fazer, garantir às pessoas que vão ter o mínimo necessário pra viver com dignidade, e isso depende da distribuição de riqueza, de crescimento econômico. Por isso vamos fazer grande investimento em infraestrutura", destacou.

Perguntado sobre o que não fez nos mandatos anteriores e que deseja fazer caso eleito desta vez, Lula afirmou que quer melhorar a saúde pública, valorizando o Sistema Único de Saúde (SUS). Citou programas que foram desmantelados, como o Farmácia Popular e o Mais Médicos.

"Quem não sabe governar, quem não tem coragem de tomar decisão, quem não sabe lidar com problemas sociais, vende o patrimônio público. Querem vender o Banco do Brasil, querem vender o BDNES, a Caixa, vão vender a Eletrobras, querem vender a Petrobras. Se não sabem governar, por favor, peçam as contas e vão embora", concluiu.

Edição: Rodrigo Durão Coelho