Pela reforma agrária

Exposição fotográfica mostra luta do acampamento Marielle Vive

Ato político-cultural de lançamento, neste sábado (18), contará com apresentações culturais e feira agroecológica

São Paulo (SP) |

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Exposição tem como objetivo dialogar com a sociedade civil da região de Campinas - Divulgação/MST-SP

Neste sábado (18) será lançada a exposição "Agroecologia, Terra, Direito de Existir: a luta das famílias do Acampamento Marielle Vive!", na Estação Cultura, em Campinas. A inauguração contará com uma programação com música, circo, ciranda, poesias e uma feira especial de produtos agroecológicos e comidas das mulheres da Regional Campinas do MST.   

A exposição foi planejada para contar a história do acampamento e dialogar com a sociedade civil e moradores da região. "Temos uma história de luta que tem muita beleza. Temos as crianças sem-terrinha, a juventude organizada, a produção agroecológica, muita festa e mobilização", conta Tassi Barreto, militante do MST e integrante da coordenação do acampamento Marielle Vive. "Temos muita tristeza também, como o assassinato do senhor Luiz, em uma mobilização", lembra. 

"Toda a história de um processo tão intenso de resistência ao despejo precisa ser conhecido pela sociedade, para mostrar quem somos, as pessoas que colocam a mão na terra para produzir a verdura agroecológica sem veneno que as pessoas encontram na feira", acredita.  


Exposição mostra a produção de alimentos sem veneno / Divulgação/MST-SP

Ação contra os despejos 

Essa exposição também acontece em um momento crucial para milhares de pessoas em todo o país. Cessam no dia 30 de junho os efeitos da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 828, que suspende os despejos e as desocupações em áreas urbanas e rurais por conta da pandemia de covid-19. 

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"Estamos no acampamento desde 2018, em Valinhos. É um acampamento que luta pela reforma agrária em uma região em que a especulação imobiliária e a improdutividade das terras têm dominado", conta Tessi. "Queremos que as famílias do acampamento Marielle Vive e as outras 500 mil pessoas que estão em risco de despejo não vão para a rua, ao contrário. Que a gente possa ter o direito à reforma agrária, de poder trabalhar na terra, e também quem está na cidade tenha o direito de se alimentar de forma saudável", completa. 

A situação crítica da economia e da política no país também é alvo da mobilização. "A gente sabe da injustiça que é qualquer despejo numa pandemia, numa crise econômica muito grave. E também estamos fazendo o enfrentamento direto ao governo Bolsonaro, a tudo que ele representa e os ataques que ele tem feito à reforma agrária", afirma Tassi.  

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"Essa exposição é sobre o [acampamento] Marielle, mas vai debater a pauta de muitas comunidades, de muitas ocupações urbanas e acampamentos rurais que estão em risco de despejo", conta. A lembrança daqueles que perderam a vida lutando pela justiça no Brasil também estará presente. "É também por todos os nossos mártires. Vai ser pro Dom, vai ser por Bruno, vai ser por senhor Luiz, vai ser por Marielle."

Registros coletivos 

Os registros do cotidiano do acampamento foram realizados de maneira coletiva pelos militantes. "Diversos companheiros e companheiras, profissionais ou não, que se dedicaram a registrar as atividades. São militantes, comunicadores, que se dedicaram a esse processo de luta", explica Tassi.

O lançamento contará com a participação do Grupo Maracatucá, Doutor Sinistro, Iago Tojal, Circo Caramba, DJ Will da Leste, além de apresentações dos próprios acampados. O evento acontece das 12h às 19h e tem entrada gratuita. A exposição fica em cartaz até o dia 31 de junho. A Estação Cultura fica na Praça Marechal Floriano Peixoto, em Campinas. 

Edição: Glauco Faria