Cinema brasileiro

"Netflix do sertão": plataforma disponibiliza curtas-metragens do semiárido brasileiro

Cine Caatinga oferece mais de 100 filmes gratuitos produzidos por artistas de cidades do bioma

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Além da exibição gratuita dos filmes, o Cine Caatinga também promove a formação em audiovisual. - Camila Rodrigues
Artistas da caatinga protagonizam produções audiovisuais no streaming

A fim de valorizar, reconhecer e promover a produção audiovisual do semiárido brasileiro, surgiu a plataforma ‘Cine Caatinga’. São mais de 100 curtas-metragens produzidos em cidades que compõem o bioma que são disponibilizadas de forma gratuita. 

O projeto, que conta com incentivo do governo do Estado de Pernambuco, ganhou esse formato online para exibição das produções devido à pandemia. Tudo começou na terceira edição do festival, a partir de uma demanda antiga do público.

"Nós já tínhamos o pedido de educadores e pessoas de outras regiões em ver e participar do festival, mas isso só foi possível em 2020, que por conta da pandemia a única forma de chegar até essas pessoas era via streaming. Com isso esses filmes foram alocados no site, elas poderiam rever essas produções no momento e horário que quiserem", conta Amanda Martins, coordenadora executiva da iniciativa. 

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Batizado pelo público como 'netflix da caatinga' ou 'netflix do sertão', a plataforma apresenta a sinopse dos filmes, elenco, fotos e outras informações. Segundo Wllyssys Wolfgang, coordenador-curador do projeto, as inscrições para exibição são gratuitas e, neste ano, foram recebidos mais de 200 filmes de diversos temas e gêneros, como ficção, documentários, videoclipes e produções estudantis. 

"Não é pré-requisito que os temas sejam relacionados à caatinga. Entendemos que as múltiplas perspectivas nos filmes já tratam do bioma e ajudam inclusive a apresentar as suas potencialidades. Para ser elegível basta ter 30 minutos de duração e ter sido produzido em um dos 1.262 municípios da Caatinga ou por um diretor dessas cidades", explica o curador.


O Troféu Cabrito Prateado é dado a todos os selecionados e o Troféu Cabrito Dourado é a premiação do público aos filmes favoritos eleitos por votação / Fernando Pereira

O prêmio, que representa o 'Oscar Caatingueiro', é feito pelo artista de Petrolina Emerson Silva. As produções selecionadas garantem o Troféu Cabrito Prateado, enquanto a produção favorita do público leva o Troféu Cabrito Dourado.

Nos últimos dois meses, o site do 'Cine Caatinga' contou com mais de 15 mil acessos. O coordenador comenta os principais temas dos filmes disponíveis na plataforma. 

"Nos documentários, nota-se assuntos relacionados ao social e ao campo, que vão para além do entretenimento; e na ficção tem as mais variadas histórias baseadas em mitos, por exemplo. O mais importante é que essas narrativas são contadas da perspectiva dos próprios caatingueiros".

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O 'Cine Caatinga' também colaborou, direta ou indiretamente, com a geração de renda a mais de 60 artistas durante a pandemia. Além da divulgação dos filmes, o projeto conta com a formação de produtores do audiovisual. 

Segundo Martins, foram disponibilizadas 90 vagas em três oficinas: produção audiovisual, produção executiva e trilha sonora, sendo que 50% das vagas são para mulheres e pessoas trans. 

"A partir do momento em que as pessoas possuem a capacidade de falar sobre as suas próprias narrativas, o mundo se expande de uma forma inédita. Aquilo que elas nunca assistiram em canais de comunicação e exibição a que elas têm acesso, agora elas falam como se sentem e querem. Dar essa capacitação para elas falarem de suas próprias histórias é dar a elas a oportunidade de mostrar o mundo incrível que carregam". 

As exibições presenciais foram feitas principalmente em escolas públicas de Petrolina. 


 

Edição: Douglas Matos