EUA - MÉXICO

Reforma migratória, combustíveis e redução de impostos são temas de encontro entre AMLO e Biden

Presidentes de ambos os países se reuniram em Washington nesta terça-feira (12)

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Nesta terça-feira (12), Andrés Manuel López Obrador se reuniu com Joe Biden na Casa Branca, após boicotar a Cúpula das Américas, realizada em junho - Governo de México

O presidente estadunidense Joe Biden recebeu seu homólogo mexicano, Andrés Manuel López Obrador, na Casa Branca, nesta terça-feira (12) para discutir assuntos bilaterais. Esta é a terceira reunião de AMLO com um presidente dos EUA desde que assumiu o governo, em 2019. Além de discutir uma proposta de reforma migratória, López Obrador também propôs a redução de impostos e aumentar a oferta de petróleo aos EUA. 

Os EUA são os principais parceiros econômicos do México, encerrando 2021 com um comércio de US$ 661 bilhões - cerca de 14,4% do intercâmbio comercial estadunidense. Além disso, existem 38,5 milhões de mexicanos residindo nos Estados Unidos, que, segundo o censo de 2020, representam quase 10% da população do país do norte. 

Esta foi a primeira viagem de AMLO aos EUA desde o boicote à Cúpula das Américas, realizada em junho. López Obrador decidiu não participar do evento como protesto contra o banimento de Cuba, Nicarágua e Venezuela do evento anual da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Saiba mais: Cúpula das Américas demonstra declínio da influência dos EUA na América Latina

Agora, o presidente mexicano ofereceu uma lista de cinco acordos que pretende estabelecer com Washington. "Esta não é a primeira e nem será a última vez que nos unimos para ajudar-nos, apesar das nossas diferenças", disse Obrador.

Joe Biden respondeu que a diplomacia entre os dois país está mais para uma "sociedade do que uma relação".

Reforma Migratória

Após o fim da gestão de Trump e da suspensão da construção do muro fronteiriço, México e EUA já assinaram novos acordos migratórios para conter para a imigração considerada irregular.

AMLO propôs que o seu país acolhesse as pessoas que se mobilizam através das caravanas de migrantes centro-americanos, enquanto Washington aumentaria os repasses financeiros para apoiar a geração de empregos, abertura de abrigos e tornar o país vizinho uma espécie de barreira para a imigração indesejada. 

:: Por que a Caravana de migrantes da América Central tem como destino os EUA? ::

Agora, AMLO propõe que os Estados Unidos ofereçam ao menos 300 mil vistos anuais e regularizem a situação de imigrantes mexicanos que residem há anos no país vizinho. 

Biden prometeu criar ofertas de trabalho aos imigrantes e disse que irá duplicar a oferta de vistos neste ano. 

No México, já existe uma proposta de sistema circular de migração para cidadãos centro-americanos. Cerca de 400 mil pessoas possuem vistos temporários para trabalhar no campo, na época de colheita ou plantio de uma nova safra. 

A proposta atrai os EUA, que necessitam de mais pessoas para trabalhar na base da economia. Somente em maio, houve 4,5 milhões de pedidos de demissão, um aumento de 3% em relação ao ano anterior, segundo dados oficiais.

Em maio, o secretário de Segurança Nacional, Alejandro N. Mayorkas, já havia dito que o Executivo estava disposto a emitir mais 35 mil vistos temporários para receber imigrantes que iriam atender a agricultura. Deste total, 11,5 mil vagas estariam reservadas para haitianos, salvadorenhos, guatemaltecos e hondurenhos. Atualmente, os EUA oferecem 66 mil vistos temporários de trabalho (H-2A e H-2B).

Os dois países planejam lançar um grupo de trabalho bilateral para discutir as vias de migração laboral.

:: O que é o Pacto Global para Migração, que Bolsonaro decidiu abandonar? :: 

Petróleo e gás 

Com a guerra na Ucrânia, ainda em março, os EUA emitiram novas sanções contra a Rússia e suspenderam a compra de combustível do país euro-asiático. Desde então, a Casa Branca busca cobrir a demanda de cerca de 700 mil barris diários e estabilizar os preços do combustível.

Mudando sua política de priorizar atender a demanda nacional com os poços que ainda fornecem petróleo, AMLO agora oferece dobrar a produção mexicana para conseguir oferecer combustível nas cidades fronteiriças. 

"Hoje um galão de gasolina custa US$ 4,78 nos Estados Unidos e no México custa US$ 3,12", destacou Obrador.

Leia também: México compra refinaria dos EUA para garantir abastecimento nacional de combustível

Também se comprometeu a fornecer cerca de mil quilômetros de gasoduto mexicano para levar gás aos estados do Novo México, California, Arizona e Texas. Com isso, o chefe de Estado mexicano assegura que seria possível gerar 150 Megawatts de energia e atender cerca de 3 milhões de pessoas. 

Economia

Estados Unidos, Canadá e México possuem um tratado de livre comércio vigente, o chamado T-MEC, assinado em 2019, durante a Cúpula do G20. O pacto inclui uma série de flexibilizações fiscais para facilitar o intercâmbio comercial entre os três países. 

López Obrador propõe ampliar ainda mais a lista de produtos exportados com imposto zero aos EUA para incentivar o comércio. 

:: E algum tratado de livre-comércio já beneficiou a América Latina? ::

AMLO também propôs um plano de investimento público e privado para recuperar a indústria dos dois países e diminuir as importações de outras regiões, como a China, que se tornou o maior parceiro comercial da América Latina. 

A comitiva de autoridades mexicanas também se reunirá com empresários de ambos países na próxima quarta-feira (13). López Obrador está em Washington acompanhado do diretor da estatal Petróleos de México (Pemex), o ministro de Relações Internacionais, o chefe do Instituto de Migração e a secretária de Economia. 

Biden pediu "paciência" para trabalharem juntos pelo "melhor de todos". 

Edição: Arturo Hartmann