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Após veto do MASP a fotos do MST, núcleo lança financiamento coletivo para produção de livro

Núcleo Retomadas vai publicar obra para documentar a criação, o enfrentamento e o debate público sobre a exposição

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Foto de André Vilaron mostra integrantes do MST; imagem foi vetada na exposição do MASP - André Vilaron

Meses após o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) vetar fotos e documentos do acervo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) da exposição Histórias Brasileiras, o núcleo Retomadas, que reúne artistas e curadores do Masp, lança uma campanha de financiamento coletivo para custear uma publicação que vai documentar o processo de criação, o enfrentamento e o debate público que envolve a exposição.

A campanha, que já está no ar,  tem como objetivo arrecadar R$ 100 mil reais para a publicação de um livro com o título "Retomadas: o debate". A publicação contará com o apoio do MST e será co-editada pela Editora Expressão Popular.

A obra reunirá reflexões, textos e ensaios visuais inéditos, produzidos por meio de convites e de chamada pública. O livro deve ser lançado em 2023, nas versões on-line, impressa e bilíngue.

A campanha acontece por meio da plataforma de financiamento coletivo Catarse. Os valores para o apoio variam entre R$ 15 e R$ 3 mil, envolvendo recompensas como bonés, ecobags, livros impressos, visitas à Escola Nacional Florestan Fernandes, cartazes das fotografias vetadas pelo MASP e obras de arte.


Foto de Edgar Kanaykõ mostra mulher indígena; imagem foi vetada na exposição do MASP / Edgar Kanaykõ

Entenda o caso

Em maio de 2022, o MASP vetou um conjunto de materiais do MST, entre fotos e documentos, que seria exibido na exposição "Histórias Brasileiras", prevista para julho. Com a decisão, parte da mostra foi cancelada. Também foram vetadas fotografias dos artistas André Vilaron, Edgar Kanaykõ e João Zinclar.

À época, o museu informou que não se tratava "de uma restrição em termos de conteúdo, mas sim única e exclusivamente de cronograma institucional".


Foto de João Zinclair mostra integrantes do MST; imagem foi vetada na exposição do MASP / João Zinclair

As curadoras Sandra Benites e Clarissa Diniz optaram por não participar mais da mostra após o episódio. Segundo elas, o museu alegou que as fotografias e documentos não poderiam ser expostos pois o prazo estipulado para o empréstimo das obras teria sido extrapolado. No entanto, elas alegam que não foram avisadas pela instituição sobre essa data limite.

Edição: Nicolau Soares