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Após diálogo com governo, movimento indígena do Equador cobra implementação de acordos

Depois de 90 dias de negociações entre Confederação Indígena e governo Lasso, subsídios não são implementados

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Líderes da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador discutem estratégias para garantir a aplicação dos acordos pelo governo de Guillermo Lasso - CONAIE

O presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), Leônidas Iza, denunciou nesta terça-feira (18) que os acordos alcançados nas mesas de diálogo com o governo de Guillermo Lasso estão atrasados e exigiu que sejam implementados. 

“No processo de diálogo as questões substanciais ficaram pendentes e os acordos parciais que foram adiantados devem ser implementados na vida prática; a discussão sobre as mudanças na matriz produtiva e econômica deve ser estendida a todos à sociedade”, instou o líder do movimento.

A declaração de Iza foi uma resposta ao ministro da Governança do Equador, Francisco Jiménez, que anunciou uma reunião do governo com a Conaie para a próxima quarta-feira (19), a fim de implementar os 218 acordos das mesas de negociações. 

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Os diálogos foram encerrados na última sexta-feira (14). Nos 90 dias de conversas, o governo equatoriano e o movimento indígena chegaram a acordos sobre temas como controle de preços, meio ambiente, exploração de petróleo e agricultura. 

Todo o diálogo entre as partes aconteceram após as manifestações em âmbito nacional no país que pediram redução de preços, segurança e melhores condições de vida.

No entanto, duas mesas de negociação não tiveram soluções acordadas. "A população sabe do esforço que temos feito para resolver os problemas, assim duas mesas não encontraram acordos: trabalhista e dos subsídios. Pedimos ao governo que flexibilize sua posição", disse Iza.

Na mesma linha, o presidente da Conaie exigiu que, após a reunião de quarta-feira, “haja um cronograma claro com plano de implementação dos acordos que possa ser verificado pelas partes envolvidas”.


"Nesta quarta-feira, 19 de outubro, está prevista uma reunião para instalar uma mesa de seguimento e planejamento para a implementação programada dos acordos alcançados no processo de diálogo", publicou a Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador 

Greve geral

Após 18 dias de greve nacional no Equador, cessada no dia 30 de junho, as mesas de negociações foram instaladas no início do mês de julho como um dos principais acordos alcançados pela suspensão das mobilizações em todo o país com o objetivo de debater as reivindicações pontuadas pelos manifestantes. 

Durante protestos, movimentos sociais exigiam redução dos preços dos combustíveis, fim da mineração em territórios indígenas, retomada da política de subsídios para a população, geração de emprego, maior investimento em setores como saúde e educação, além da não-privatização de setores da economia.