É fake

Polícia Federal desmente boato bolsonarista sobre suposta morte de idosa detida

Mesmo detidos, golpistas seguem com acesso a celulares e espalham mentira pelas redes sociais

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Mulher sorri ao ser presa por suposta participação em atentados terroristas na capital federal - ©Mauro Pimentel / AFP

Nenhum óbito foi registrado entre as mais de 1,2 mil pessoas detidas no ginásio da Academia Nacional da Polícia Federal (PF) em Brasília, após participação nos atos terroristas que tomaram a capital no domingo (8). As informações são da própria PF, em resposta a um boato espalhado por bolsonaristas. 

A fake news tomou as redes nessa segunda-feira (9) e dizia que uma idosa teria passado mal e falecido no local. Os autores da mentira usaram uma foto de um banco de imagens da internet, que retrata uma modelo da terceira idade sorridente. 

Nos textos que acompanham a fake news pelas redes, os terroristas chegam a chamar as instalações da Polícia Federal de “campo de concentração” e informam que a suposta mulher, identificada apenas como “idosa”, teria 77 anos.

Há ainda uma nota de falecimento circulando pela internet, que diz que a vítima inventada teria sentido dores e muita sede. Com um apelo para que a mensagem “corra o mundo”, o texto foi traduzido para o inglês com diversos erros e também não identifica a mulher.

Apesar dos sinais explícitos de que a informação se tratava de fake news, a deputada federal Bia Kicis (PL-DF), repercutiu a mentira em plenário. Na noite dessa segunda-feira ela fez um discurso na Câmara dos Deputados dizendo “lamentar” a morte da idosa desconhecida. 

“Falo de uma senhora a quem foi negado comida e água e que, depois de horas, e horas, e horas a fio sendo destratada e descuidada, veio a falecer.”

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Kicis chegou até mesmo a dizer que o suposto óbito teria sido confirmado pela Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB-DF). Depois de ser desmentida, ela voltou atrás e afirmou que cometeu um “equívoco”. 

A deputada acusou o governo federal e a PF de maus tratos e violações aos direitos humanos contra os terroristas detidos. No entanto, após uma visita da OAB-DF ao local, não foi constatado nenhum problema.

Representantes da instituição observaram que todas as pessoas presas continuavam, inclusive, com acesso a telefones celulares. Algumas chegaram a montar barracas dentro do ginásio. Foi garantido atendimento médico a quem está no local, com um posto de atendimento montado. Uma sala foi liberada para consultas com advogados.

Edição: Glauco Faria