Ronda Política

Popularidade de Bolsonaro chega ao pior nível, PGR pede ao STJ investigação de Ibaneis e mais

Índice de Popularidade Digital do ex-presidente atingiu 21 pontos em escala que vai de zero a 100 após atos terroristas

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Um dia antes dos atos criminosos, o ex-presidente marcava 40 pontos - AFP

A popularidade nas redes sociais do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou ao pior nível dos últimos quatro anos após os atos criminosos cometidos por bolsonaristas nas sedes dos Três Poderes, em Brasília, no último domingo.

Segundo o levantamento Índice de Popularidade Digital (IPD), calculado diariamente pela empresa de pesquisa e consultoria Quaest, Bolsonaro atingiu a marca de 21 pontos de uma escala que vai de zero a 100. Um dia antes dos atos criminosos, o ex-presidente marcava 40 pontos.

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"Significa que a imagem dele está mais negativa porque há mais comentários negativos sobre ele. E também porque ele não consegue, ou não quer, produzir uma articulação mais coordenada. Em resumo, ele perde um ativo que foi importantíssimo para ele na Presidência da República", afirma Felipe Nunes, diretor da Quaest, à Folha de S. Paulo.


Apoiadores de Jair Bolsonaro promovem ato de vandalismo nas sedes dos Três Poderes / TON MOLINA / AFP

"A base bolsonarista hoje está rachada, e dividir a base resulta em perda. Todas as vezes ao longo da campanha eleitoral que Bolsonaro radicalizou o discurso, a popularidade caiu. Agora, com seu nome associado aos eventos em Brasília, ele acaba prejudicado na seara digital."

O índice é calculado a partir de 152 variáveis encontradas nas plataformas Twitter, Facebook, Instagram, YouTube, Wikipédia e Google. Com o cálculo, são estabelecidas pontuações para cinco parâmetros: fama (número de seguidores), engajamento (comentários e curtidas por postagem), mobilização (compartilhamentos), valência (proporção de reações positivas e negativas) e interesse (volume de buscas).

PGR pede ao STJ investigação de Ibaneis Rocha 

A Procuradoria Geral da República (PGR) solicitou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a abertura de uma investigação contra o governador afastado do Distrito Federal Ibaneis Rocha (MDB). O pedido está em sigilo, mas o STJ confirmou a solicitação à Folha.

Ibaneis Rocha foi afastado do cargo por 90 dias pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes após os atos criminosos de domingo. O magistrado entendeu que o governador não foi capaz de mobilizar o efetivo de segurança de Brasília para proteger os Três Poderes dos bolsonaristas.


Flávio Dino e Ibaneis Rocha / José Cruz/Agência Brasil

"A escalada violenta dos atos criminosos resultou na invasão dos prédios do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, com depredação do patrimônio público, conforme amplamente noticiado pela imprensa nacional, circunstâncias que somente poderiam ocorrer com a anuência, e até participação efetiva, das autoridades competentes pela segurança pública e inteligência, uma vez que a organização das supostas manifestações era fato notório e sabido, que foi divulgado pela mídia brasileira", disse Moraes em sua decisão. 

O ministro afirmou ainda que os "agentes públicos (atuais e anteriores) que continuarem a se portar dolosamente dessa maneira, pactuando covardemente com a quebra da Democracia e a instalação de um estado de exceção, serão responsabilizados". 

"Absolutamente TODOS serão responsabilizados civil, política e criminalmente pelos atos atentatórios à Democracia, ao Estado de Direito e às Instituições, inclusive pela dolosa conivência – por ação ou omissão – motivada pela ideologia, dinheiro, fraqueza, covardia, ignorância, má-fé ou mau-caratismo", escreveu Moraes em sua decisão. 

Abin alertou para risco de atos violentos um dia antes do vandalismo em Brasília 

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) fez diversos alertas sobre a possibilidade de atos violentos distribuídos por meio do Sistema Brasileiro de Inteligência, que reúne 48 órgãos. "Mantêm-se convocações para ações violentas e tentativas de ocupações de prédios públicos, principalmente na Esplanada dos Ministérios", avisou a agência por meio de um despacho obtido pelo Folha. 

"Conforme a ANTT [Agência Nacional de Transportes Terrestres], houve aumento do número de fretamentos de ônibus com destino a Brasília para este final de semana. Há um total de 105 ônibus, com cerca de 3.900 passageiros." 

Há um entendimento que houve erros de segurança cometidos pelo governo do Distrito Federal na segurança de Brasília no domingo, o que levou ao afastamento do governador Ibaneis Rocha por 90 dias. 


As imagens mostram que os bolsonaristas não só reivindicavam um golpe de estado, o que é crime no Brasil, como também depredaram patrimônio histórico da humanidade / Marcelo Camargo/ABr

O ministro da Justiça, Flávio Dino, atribuiu ao governo do DF a responsabilidade pelos atos criminosos. De acordo com o ex-governador do Maranhão, houve uma mudança de planejamento na estratégia de segurança que não foi informada. Em reunião entre as forças federais e distritais, ficou acertado que o acesso à Esplanada dos Ministérios e à Praça dos Três Poderes estaria bloqueado, o que não ocorreu no domingo.

"Infelizmente, houve uma avaliação das autoridades locais de que seria possível, na última hora, mudar o planejamento. Esse planejamento foi modificado e isso ensejou que essas pessoas descessem até próximo do Congresso Nacional e, em seguida, o descontrole que vocês viram", afirmou Dino.

"O que eu vi era que o contingente policial estava absolutamente desconforme com a decisão tomada de deixar que eles descessem a Esplanada. Tanto é que quando os efetivos foram ampliados, uma hora e meia após o início dos episódios, rapidamente a situação foi controlada. O que mostra que era absolutamente evitável se não fosse uma mudança de planejamento de última hora", afirmou o ministro em coletiva de imprensa.

PF vai indiciar cerca de mil bolsonaristas terroristas 

A Polícia Federal (PF) vai indiciar cerca de mil bolsonaristas suspeitos de participarem do ato criminoso que destruiu os prédios dos Três Poderes, no último domingo. Os golpistas serão levados para o Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal.

No total, cerca de 1.500 pessoas estão detidas na sede da Polícia Federal, onde uma parte ainda passa por triagem devido ao número expressivo de detidos. Cerca de 300 foram detidas ainda na Praça dos Três Poderes. O restante foi detido no acampamento bolsonarista em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília.

Segundo o ministro da Justiça Flávio Dino, os detidos devem ser ouvidos até esta terça-feira (10). "É claro que eles estão sendo ouvidos e as providência de polícia judiciária serão tomadas, inclusive com a posterior comunicação ao Poder Judiciário", informou o ministro em coletiva de imprensa.


Terroristas bolsonaristas destruíram objetos, obras de arte, equipamentos e móveis do Executivo, do Legislativo e do Judiciário / Marcelo Camargo/Agência Brasil

"Caberá ao Judiciário dizer o que vai acontecer com eles. Alguns serão submetidos à audiência de custódia, outros podem eventualmente receber o benefício da liberdade provisória. Então, não podemos dizer o que vai acontecer com cada um. Haverá encaminhamento ao Poder Judiciário, creio que hoje ou amanhã", completou Dino. 

AGU pedirá bloqueio de bens de empresas suspeitas de financiar atos golpistas

A Advocacia-Geral da União (AGU) vai solicitar à Justiça Federal no Distrito Federal o bloqueio dos bens de aproximadamente 100 empresas suspeitas de financiarem os atos criminosos e os acampamentos bolsonaristas em Brasília. Um dos objetivos é utilizar os recursos desses bens para cobrir os prejuízos causados pelos terroristas nos Três Poderes.

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Bolsonaristas detidos ainda no domingo (8) pelos atos criminosos / Reprodução/Redes Sociais

De acordo com o ministro Flávio Dino, a PF identificou financiadores de 10 estados diferentes, muitos ligados ao agronegócio. "Não é possível ainda distinguir nitidamente responsabilidades quanto ao financiamento. O que é possível afirmar cabalmente é que havia financiamento. Nós temos a relação de todos os contratantes dos ônibus, todas essas pessoas serão chamadas a prestar esclarecimentos, porque são pessoas que contrataram ônibus que não eram para excussões turísticas. O que eu posso acentuar, frisar, realçar é que, seja quem for, os financiadores serão chamados a responsabilização penal e civil", afirmou Dino.

TCU estuda obrigar golpistas, Ibaneis e Anderson Torres a pagar por destruição

O Tribunal de Contas da União (TCU) estuda a possibilidade de obrigar os responsáveis dos atos criminosos cometidos em Brasília a arcar com os custos da reconstrução dos prédios dos Três Poderes.


Especialistas afirmam que Anderson Torres, secretário de segurança do DF, e Ibaneis Rocha, governador do DF, devem ser responsabilizados / Renato Alves/Agência Brasília

Além dos bolsonaristas autores diretos da violência, o órgão também avalia incluir o governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e o ex-secretário de Segurança Pública Anderson Torres na lista dos responsáveis pelos custos.

Edição: Nicolau Soares