Ronda Política

Planalto demite 13 militares do GSI, Lula conversará com comandantes das Forças Armadas e mais

Um dia antes, o governo já havia dispensado outros 40 militares na esteira dos atos criminosos de 8 de janeiro

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

Ouça o áudio:

O GSI dispensou um pelotão de 36 militares do Batalhão da Guarda Presidencial cerca de 20 horas antes da invasão de bolsonaristas - Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Palácio do Planalto exonerou uma segunda leva de 13 militares do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), nesta quarta-feira (18). Um dia antes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já havia dispensado 40 militares. As demissões ocorrem na esteira dos atos criminosos de bolsonaristas no 8 de janeiro.

Quatro dias após os ataques, Lula afirmou que está "convencido" de que as forças de segurança deixaram os golpistas invadirem os prédios dos Três Poderes. "Teve muito agente conivente. Teve muita gente da PM conivente. Muita gente das Forças Armadas conivente. Eu estou convencido que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para essa gente entrar, porque não tem porta quebrada, ou seja, alguém facilitou a entrada deles aqui", disse o presidente.

Leia também: Funai prepara desmilitarização de coordenações regionais; prioridade é nomear indígenas

Segundo apuração do Estadão, o GSI dispensou um pelotão de 36 militares do Batalhão da Guarda Presidencial cerca de 20 horas antes da invasão de bolsonaristas aos prédios dos Três Poderes. O batalhão é formado por militares. Logo, subordinado às Forças Armadas.

Lula encontrará comandantes das Forças Armadas 

Na próxima sexta-feira (20), Lula terá uma reunião com o ministro da Defesa, José Múcio, e os comandantes do Exército, da Aeronáutica e da Marinha com o objetivo de discutir políticas para modernizar as Forças Armadas.

"Outras nações do mundo, por exemplo, nações grandes e desenvolvidas, fazem projeto de PPP para equipar suas Forças Armadas. Com isso, elas conseguem antecipar investimentos que se fossem depender apenas de recurso orçamentário anual não seriam possíveis", afirmou Rui Costa (PT), ministro da Casa Civil.

Comandante do Exército é alvo de notícia-crime

O comandante do Exército, o general Júlio César de Arruda, foi denunciado ao Ministério Público Federal por praticar supostamente crime de prevaricação por não ter desmobilizado o acampamento bolsonarista que estava em frente ao quartel-general do Exército de Brasília.

Na notícia-crime apresentada, a deputada federal eleita Luciene Cavalcante (PSOL-SP) afirmou que a manutenção do acampamento foi um dos fatores que estimulou o ataque às sedes dos Três Poderes.

"Os depoimentos feitos à Polícia Federal demonstram que o acampamento do Distrito Federal foi estratégico para o ato golpista, e nesse sentido é urgente investigar os relatos que dão conta da participação, seja por ação ou por omissão, do alto comando do Exército", afirma Cavalcante.

"Isso tipifica crime de prevaricação com relação à atuação do Exército junto ao acampamento golpista e à falta de segurança dos Três Poderes no dia 8", disse. "Os fatos narrados caracterizam o crime de prevaricação, quando os militares do Exército se recusaram a agir de ofício, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal."

Moraes pede relatório sobre atos golpistas 

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou ao interventor na segurança pública do Distrito Federal (DF) Ricardo Cappelli e ao governo do DF, sob comando de Celina Leão (PP), o envio de um relatório sobre os atos golpistas. O pedido também foi feito à Polícia Federal.

A determinação foi feita a pedido da Procuradoria-Geral da República, no âmbito do inquérito do STF que investiga de quem é a responsabilidade pelos atos golpistas. Os alvos são o governador afastado Ibaneis Rocha (MDB), o ex-secretário da Segurança Pública Anderson Torres e o ex-chefe da Polícia Militar do DF Fábio Augusto Vieira.

Leia também: CPI para investigar atos golpistas deve ser aberta nesta quarta na Câmara Legislativa do DF

Bolsonarista suspeito de tentar explosão com bomba em Brasília se entrega à polícia 

O bolsonarista Alan Diego Rodrigues, suspeito de participar da tentativa de instalar uma bomba próximo ao Aeroporto de Brasília no dia 24 de dezembro, se entregou à Polícia Civil de Mato Grosso, nesta terça-feira (17).

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) acolheu a denúncia do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e tornou réus Rodrigues e mais dois acusados de planejar a explosão.

A juíza Leila Cury, da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, autorizou a transferência de Rodrigues para Brasília, onde passará por audiência de custódia.

Alan Diego dos Santos, Welligton Macedo de Souza e George Washington de Oliveira Sousa responderão pelo crime de explosão, caracterizado por "expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos análogos". A pena para este tipo de crime é de três a seis anos de prisão e multa. Os crimes de terrorismo e associação criminosa devem ser analisados no âmbito da Justiça Federal.

Em seu depoimento, George Washington Souza afirmou que deixou preparado o explosivo para que Alan Rodrigues instalasse próximo ao aeroporto, em um caminhão de combustível carregado com 60 mil litros de querosene de aviação.

"Eu entreguei o artefato a Alan e insisti que ele instalasse em um poste de energia para interromper o fornecimento de eletricidade, não concordei com a ideia de explodir no estacionamento do aeroporto. Porém, eu soube pela TV que a polícia tinha apreendido uma bomba no aeroporto e que o Alan não tinha seguido o plano original", disse Souza em sua oitiva.

ICMBio nomeia servidor de confiança de Ricardo Salles 

O Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) nomeou Hiago Usliam Braz, servidor de confiança do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, como diretor-substituto da Diretoria de Planejamento, Administração e Logística (Diplan) do órgão.

Durante a gestão de Salles, Braz comandou o programa Adote Um Parque, que estimulava a gestão compartilhada de unidades de conservação entre Estado e empresas privadas. "Sou secretário do programa Adote um Parque. É uma enorme honra fazer parte desse grupo e espero que seja um projeto de imenso sucesso no ICMBio e para o Ministério do Meio Ambiente", disse Braz na época.

Edição: Nicolau Soares