Queixa

China protesta contra sanções de EUA, Japão e Holanda na Organização Mundial do Comércio

Autoridades chinesas questionam ofensiva liderada pela Casa Branca contra sua indústria de semicondutores

São Paulo (SP) |

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Fábrica de semicondutores em Nantong, na China - AFP

A China pediu à Organização Mundial do Comércio (OMC) que revise as práticas de exportação de semicondutores de EUA, Japão e Holanda. A informação foi divulgada pela imprensa estatal chinesa nesta quarta-feira (5) e diz respeito ao mercado de chips, os processadores que movem celulares, videogames e são necessários para cada vez mais produtos, como carros e eletrodomésticos.

Os Estados Unidos aplicam sanções que impedem que suas empresas vendam seus chips mais avançados para a China, em uma tentativa de conter o desenvolvimento tecnológico chinês. A Casa Branca também pressiona outros países a também limitar seu comércio com Pequim.

Durante uma reunião da OMC, representantes da China perguntaram se existe um acordo de EUA, Japão e Holanda para impedir a venda de semicondutores.

"Atores relevantes podem ter percebido que o acordo viola diretamente as regras da OMC, então eles deliberadamente mantiveram o conteúdo do acordo discreto", disseram representantes chineses, segundo a CCTV.

De acordo com o jornal chinês Global Times, a China já apresentou uma queixa na OMC contra os EUA e agora faz o mesmo contra o Japão. No final de março, as autoridades japonesas anunciaram planos para restringir as exportações de 23 tipos de equipamentos de fabricação de semicondutores.

No caso da Holanda, a disputa envolve a ASML. A companhia tem o monopólio da fabricação em escala industrial de máquinas de litografia, que são equipamentos de altíssima precisão usados para a fabricação de chips (elas projetam luz ultravioleta extrema sobre base de silício e químicos, que se transformam, formando conectores e transistores do chip). A China tenta desenvolver sua própria máquina de litografia avançada, mas ainda está longe de ter os resultados da ASML.

De acordo com o South China Morning Post, o vice-presidente da ASML, Peter Wennink, encontrou com o ministro do Comércio da China, Wang Wentao, durante uma visita a Pequim na semana passada. As autoridades chinesas afirmaram em comunicado que a discussão teve como objetivo criar um ambiente amigável para as empresas de semicondutores e a estabilidade do mercado mundial.

Ainda de acordo com o South China Morning Post, a China foi responsável por 14% das vendas da ASML em 2022 e comprou mais de US$ 8,7 bilhões (cerca de R$ 43 bilhões) da empresa holandesa na última década.

Edição: Rodrigo Durão Coelho