Rússia

Dia da Vitória: discurso de Putin é marcado por ataques ao Ocidente e à Ucrânia

Ao relembrar vitória soviética contra nazismo, Putin diz que 'novamente foi desencadeada uma guerra contra a Rússia'

Rio de Janeiro |
Presidente russo, Vladimir Putin, discursa na Praça Vermelha, em Moscou, durante as comemorações do Dia da Vitória, em 9 de maio, feriado que celebra a vitória soviética na Segunda Guerra Mundial - Gavriil Grigorov / SPUTNIK / AFP

O presidente russo, Vladimir Putin, em seu tradicional discurso durante as celebrações do Dia da Vitória, declarou neste 9 de maio que "um verdadeira guerra foi desencadeada contra a Rússia novamente". Como esperado, o líder russo aproveitou as celebrações da vitória soviética contra a Alemanha nazista para reforçar a retórica anti-Ocidente no contexto da guerra da Ucrânia.

Ao discursar na Praça Vermelha durante a parada militar, Putin parabenizou os russos pelo Dia da Vitória, lembrou os heróis da Grande Guerra Patriótica - como a Segunda Guerra Mundial é chamada na Rússia -, criticou ações do Ocidente e agradeceu aos soldados que participaram da "operação especial" em Donbass, se referindo ao conflito no leste ucraniano.

"Hoje, a civilização está novamente em um ponto de virada decisivo, uma verdadeira guerra foi desencadeada contra nossa pátria. Mas repelimos o terrorismo internacional, protegeremos os habitantes de Donbass, garantiremos nossa segurança", disse o presidente russo.

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Putin observou que Moscou quer ver um futuro pacífico, livre e estável, destacando que "para a Rússia não há povos hostis nem no Ocidente nem no Oriente". No entanto, ele ressaltou que as "elites ocidentais" adotam um discurso sobre sua "exclusividade" e "provocam conflitos sangrentos, semeiam ódio, russofobia e nacionalismo agressivo, destroem os valores familiares tradicionais".


Equipamento militar russo percorre a Praça Vermelha durante o desfile militar do Dia da Vitória no centro de Moscou em 9 de maio de 2023. / Pelagia Tikhonova / Moskva News Agency / AFP

"E tudo para continuar a ditar, a impor aos povos a sua vontade, os seus direitos, as suas regras, mas, na realidade, um sistema de roubo, violência e repressão", atacou o presidente.

"O objetivo deles, e não há nada de novo aqui, é conseguir a desintegração e destruição de nosso país, anular os resultados da Segunda Guerra Mundial, finalmente quebrar o sistema de segurança global e o direito internacional e estrangular quaisquer centros soberanos de desenvolvimento", continuou.

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De acordo com o mandatário, foi justamente esse tipo de política do Ocidente que levou ao conflito na Ucrânia. Putin classificou o governo de Kiev como um "regime criminoso". 

"Ambições exorbitantes, arrogância e permissividade inevitavelmente se transformam em tragédias. Esta é a razão da catástrofe que o povo ucraniano está vivendo agora. Eles se tornaram reféns do golpe de Estado e do regime criminoso de seus mestres ocidentais que se desenvolveram em sua base, uma moeda de troca na implementação de seus planos cruéis e egoístas", disse Putin.


Militares russos participam da parada militar do Dia da Vitória, realizada na Praça Vermelha, no centro de Moscou, em 9 de maio de 2023. / Kirill Kudryavtsev / AFP

Mais de 10 mil militares participaram do desfile militar do 78º aniversário da vitória na Segunda Guerra Mundial, incluindo aqueles que estão ou estiveram envolvidos nos atuais combates na Ucrânia.

Tradicionalmente usada para demonstrar o poderio militar russo, a parada militar foi marcada como uma das mais discretas dos últimos anos. Não houve participação da aviação do país e havia muito menos equipamento militar na Praça Vermelha do que nos anos anteriores. O motivo foi atrelado aos ataques de drones no Kremlin em 3 de maio. Mais de 20 cidades chegaram a cancelar as festividades por "questões de segurança". Além disso, grande parte da força militar russa está sendo utilizado na Ucrânia.

Edição: Nicolau Soares