Cooperação

Presidente do Irã visita Venezuela em meio a falhas no fornecimento de gasolina

Casos de falta de combustíveis vêm sendo registrados nos últimos dias; Irã é um dos maiores parceiros na área energética

Caracas (Venezuela) |
Raisi e Maduro se reuniram em Caracas e assinaram acordos em várias áreas - Prensa Presidencial

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, recebeu nesta segunda-feira (12) o mandatário do Irã, Ebrahim Raisi, na primeira parte de uma série de visitas oficiais que o chefe de Estado iraniano fará a países latino-americanos.

Reunidos em Caracas, Maduro e Raisi assinaram 25 acordos de cooperação em diversas áreas como energia, defesa, tecnologia, saúde e economia. Após deixar a Venezuela, o presidente iraniano deve visitar Cuba e Nicarágua. 

"Estamos prontos para seguir avançando na construção de um mundo novo. [O Irã] está desempenhando um papel muito importante como uma das potências emergentes do mundo novo", disse Maduro.

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A visita de Raisi ocorre em meio a casos de instabilidade no fornecimento de gasolina na Venezuela. Há algumas semanas, diversas regiões no interior do país e alguns setores da capital registram casos de falta de combustível.

Os episódios não chegaram a paralisar setores da economia, como ocorreu em 2020, durante a última crise de distribuição de gasolina, mas acendeu um alerta no governo.

Uma das saídas encontradas por Caracas para resolver o problema à época foi importar gasolina de países com o Irã, que desafiou as sanções impostas pelos EUA e enviou diversos carregamentos de combustível à Venezuela.

Próximos politicamente, os países então passaram a aprofundar cada vez mais seus laços no setor energético. Em 2022, Caracas e Teerã assinaram um convênio que previa a participação da Companhia Nacional Petroleira de Engenharia e Construção do Irã (NIORDC) na restauração da refinaria El Palito, planta localizada em território venezuelano.

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O acordo entre a NIORDC e a PDVSA, a estatal petroleira venezuelana, estipulava um pagamento de cerca de 114 milhões de dólares para reativar a refinaria em sua capacidade máxima de processar 140 mil barris de petróleo por dia.

El Palito reativada

Segundo deputados da base governista e fontes do setor petroleiro ouvidos pela agência Reuters, a refinaria foi reativada no último domingo (11).

Um vídeo publicado pelo governador Rafael Lacava, do estado de Carabobo, local onde está localizada a empresa, mostra o político reunido com o ministro do Petróleo, Pedro Tellechea, percorrendo as instalações da refinaria.

"Acredito profundamente nos trabalhadores da nossa refinaria El Palito e sei que nos próximos dias as coisas vão melhorar na área de distribuição de combustível no nosso Estado", disse Lacava.

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El Palito é uma das menores refinarias do país, portanto existem dúvidas se a empresa seria capaz de atender toda a demanda por combustíveis em meio às falhas na distribuição.

Apesar de não haver comunicado oficial da PDVSA ou do Ministério do Petróleo sobre os casos de falta de gasolina em algumas regiões do país, os episódios podem estar relacionados a um incêndio que ocorreu em janeiro na refinaria de Cardón, uma das plantas do Complexo Refinador de Paraguaná (CRP).

Em entrevista à rádio local Mundial FM de Punto Fijo, o governador Victor Clark, do estado de Falcón, onde está localizado o CRP, confirmou que os casos de falta de combustível têm relação com as falhas apresentadas no complexo e que possivelmente "as contingências irão continuar durante o mês de junho".

Edição: Patrícia de Matos