Tarifa zero

Aos 10 anos de junho de 2013, movimentos fazem ato contra a tarifa em SP nesta quinta (29)

O “ato contra a tarifa dos trens, ônibus e metrô” tem concentração marcada às 17h na frente do Teatro Municipal

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Na capital paulista, a tarifa do metrô, ônibus e trem é de R$4,40 - Mauricio Lima/AFP

No mês em que se completa uma década dos protestos que, em junho de 2013, tomaram o país tendo como estopim a luta contra o aumento da passagem do transporte público, um ato com este tema é convocado em São Paulo. Organizado por movimentos populares, coletivos e sindicatos, o protesto contra a tarifa dos trens, ônibus e metrô tem concentração marcada para 17h desta quinta-feira (29). 

A frente do Teatro Municipal, onde será a concentração, é o mesmo local de onde partiu, em 2013, o “primeiro grande ato contra o aumento das tarifas” de São Paulo, puxado pelo Movimento Passe Livre (MPL). Naquele 6 de junho, o público de quatro mil pessoas (que 11 dias depois cresceria para centenas de milhares), bloqueou a av. 23 de maio com uma catraca em chamas.  

“Como consequência da violência policial, do aumento da exploração, da carestia e de um sentimento generalizado de insatisfação, o movimento tornou-se uma revolta de grandes proporções contra a ordem estabelecida”, diz a convocatória da manifestação atual, a respeito de 2013. “Dez anos depois, as coisas estão mais caras e a vida só piorou”. 

Entre as 25 organizações que convocam o protesto desta quinta (29) estão Ação Antifascista de São Paulo, Organização Anarquista Socialismo Libertário (OASL), Partido Socialista Trabalhadores Unificado (PSTU), Intersindical, Treta no Trampo, Movimento Luta Popular, Oposição Renovação Sindical nos Condutores de SP e sindicatos como o dos Metroviários, dos Metalúrgicos, dos trabalhadores da USP e dos trabalhadores no Serviço Público Federal. 

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“Reivindicada nas ruas desde muito antes de 2013, a tarifa zero era acusada de ser inviável pelos poderosos. Curiosamente, quando o lucro das empresas de transporte foi ameaçado pela perda de passageiros, acentuada pelos próprios aumentos da tarifa e pela pandemia, a proposta foi retomada pelos mesmos políticos e empresários que eram contra ela”, descreve o texto conjunto dos organizadores do ato. 

Antes das chamadas jornadas de junho, dez cidades brasileiras ofereciam o passe livre no transporte público. Atualmente, são 74 cidades e possivelmente o tema terá apelo eleitoral nos pleitos municipais de 2024.  

Entre as cidades que aplicam tarifa zero estão Eusébio (CE) Cacoal (RO), Assis (SP), Ilha Solteira (SP), Wenceslau Braz (PR), Muzambinho (MG), Bombinhas (SC), Pirapora do Bom Jesus (SP), Maricá (RJ) e Costa Rica (MS). A que tem o maior número de habitantes, com cerca de 370 mil, é Caucaia (CE). 

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De acordo com os organizadores do protesto desta quinta, as declarações dadas pelo prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), de que o debate sobre a gratuidade no transporte seria “demagógico",  acontece ao mesmo tempo em que sua gestão “sucateia o sistema de ônibus”. 

“Numa cidade como a nossa, a tarifa zero só vai funcionar se também houver gratuidade nos trilhos. E o governador [Tarcísio de Freitas (Republicanos)] deixou claro que seu projeto é outro: privatizar as linhas do trem e do metrô para empresas lucrarem em cima de tarifas cada vez mais altas e da precarização do serviço”, diz o texto. 

“Só a pressão popular organizada na rua, nos bairros e nos movimentos sociais pode impedir que a tarifa zero seja utilizada apenas para fins eleitoreiros e acabe favorecendo mais os empresários e os políticos do que os trabalhadores”, finaliza a convocatória: “A única forma de manter viva a memória de junho de 2013 é ir para rua por uma vida sem catracas”. 

 

Edição: Rodrigo Durão Coelho