patrimônio

Moradores de Brumadinho (MG) acompanham obra da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Piedade

Organizada, a população fiscaliza contratações e cobra agilidade no processo de restauração

Ouça o áudio:

Igreja passa por reforma desde 2018 - Prefeitura de Brumadinho
Está um pouco destruída, descaracterizada, tendo em vista a situação de transporte pesado na rua

Um dos mais antigos templos católicos de Minas Gerais está em fase final de restauração. A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Piedade, no distrito de Piedade do Paraopeba, cidade de Brumadinho (MG), passa por uma grande reforma desde 2018.

A matriz é considerada o maior símbolo histórico-cultural do município, abrigando uma arquitetura colonial setecentista.

“A nossa igreja é uma obra barroca, de Aleijadinho. Até mesmo os bandeirantes passaram por lá”, afirma Geraldo Alcir Guimarães, do Conselho de Reforma da Igreja.

Os séculos de existências a novas formas de organização das cidades acabaram impactando na estrutura da igreja, como afirma Geraldo.

“A nossa igreja é de 1713. Ela tem 300 anos de existência. Ela está um pouco destruída, descaracterizada, tendo em vista a situação de transporte pesado na rua, que trincou uma parte da igreja”, destaca. 

Já foram realizadas as etapas de restauração estrutural e arquitetônica. A terceira etapa da obra, de recuperação das peças sacras - intitulada finalização de elemento artístico - segue em andamento.

Uma equipe composta por arquitetos, historiadores, museólogos e arquivistas elabora desde o croqui dos altares, até a catalogação de todas as peças, tudo com o acompanhamento de perto dos fiéis.

Confira a reportagem em vídeo:


“Eles [fiéis] são muito ativos na participação da restauração. E principalmente quando nós encaminhamos os orçamentos de ateliês que poderiam fazer o restauro dos elementos artísticos, mesmo sendo alguns com valores mais baixos, eles não concordaram porque queriam que o ateliê fosse montado na própria comunidade. Não gostariam que as imagens saíssem da paróquia”, afirma Goretti Gabrich, coordenadora do Memorial da Arquidiocese de Belo Horizonte (MG). 

Nas primeiras etapas foram gastos cerca de R$ 2,5 milhões, sendo R$ 469 mil financiados pelo Fundo Municipal de Patrimônio e R$ 2 milhões captados pela Lei Rouanet. Segundo anúncio da Prefeitura de Brumadinho, a última etapa deve ser financiada pelos cofres municipais.

Em uma audiência pública realizada na Assembleia Legislativa de Minas, em 18 de julho, a comunidade criticou o atraso de mais de um ano para que a verba fosse anunciada. Os deputados estaduais Leleco, do PT, e João Vítor Xavier, do Cidadania, apresentaram o Projeto Lei 1.111, que reconhece a relevância da igreja para o patrimônio histórico mineiro, no sentido de apoiar que futuras ações de preservação sejam facilitadas.

Na audiência, a falta de transparência no uso da verba também foi criticada. 

“É importante que a gente continue a fiscalizar os gastos para que essa obra se conclua, para que a gente possa ter com transparência onde é que cada recurso destinado pela prefeitura ou aquele arrecadado por forma da Lei Rouanet foram empregados. Pedimos ao Ministério Público que atue na fiscalização e a gente possa ter esse patrimônio que é do povo devolvido o mais rápido possível”, aponta Leleco. 

A prefeitura de Brumadinho não se manifestou. 

Edição: Daniel Lamir