Alta rejeição

Políticos de Israel são hostilizados nas ruas e 56% da população quer afastamento de atual presidente

Ministros são xingados e expulsos de hospitais quando tentam visitar pessoas feridas durante ataque do Hamas

Brasil de Fato | Botucatu (SP) |
Pessoas presentes ao enterro de uma vítima do ataque do Hamas se agacham após ouvir sirene de alerta sobre ataque com foguetes, em Israel: população está de pavio curto com o governo - GIL COHEN-MAGEN / AFP

Políticos ligados ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, têm sido alvo de protestos no país e responsabilizados pelos confrontos que resultaram em mais de 1.300 mortes do lado israelense. Após a declaração de guerra contra o Hamas, no último sábado (7), ministros do partido do líder de extrema direita, o Likud, têm sido hostilizados em hospitais onde pessoas feridas recebem atendimentos, além de outros espaços. Uma pesquisa publicada pelo jornal Jerusalém Post revelou que 56% da população quer a renúncia do atual presidente.

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O Instituto Brasil-Israel, organização independente empenhada na solução de dois Estados para a questão Israel-palestina e na luta contra o antissemitismo, entre outras formas de racismo, fez um levantamento de agressões verbais que ocorreram nos últimos dias. As situações foram veiculadas também em importantes veículos de comunicação, de diversos países. Boa parte delas ocorreu em hospitais, onde pessoas feridas durante o ataque estão sendo atendidas.

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Em um deles, a ministra do Meio Ambiente Idit Silman é expulsa por familiares aos gritos de "vocês são os responsáveis por isso" e "vocês destruíram o país". Em outro, o ministro da Indústria e Comércio, Nir Barkat, ouve o seguinte protesto: "vocês não têm ideia de nada e vêm aqui falar besteira. Meus amigos morreram, e eu fiquei 30 horas num bunker". Já a ministra dos Transportes, Miri Regev, mal consegue sair do carro para visitar vítimas feridas. É xingada e tentam agredi-la. Um líquido é atirado contra seu veículo.

Enquanto estava em um café, acompanhado de amigos, o deputado David Bitan é abordado por uma mulher que, com uma câmera apontada para ele, o cobra pela situação do país. Seus amigos a chamam de "lixo". Ela chora, mas continua filmando.

Em entrevista a uma canal de televisão, em rede nacional, um membro do kibutz Kfar Aza — atacado pelo Hamas na manhã do último sábado — exige que políticos renunciem. Quando o apresentador pede que ele deixe a política de lado, ele rebate: "que política?! Temos um povo que foi massacrado".

O ódio a essa parcela dos políticos é tanto que se manifesta até em cerimônias fúnebres. Durante o enterro, o irmão de uma vítima critica o governo, exige a renúncia de todos e promete perseguir cada um deles "por toda a eternidade".

Abaixo, é possível ver um fio no X (antigo Twitter) onde foram postadas filmagens que mostram situações descritas acima.

Edição: Geisa Marques e Patrícia de Matos