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Entre diversão e agroecologia, crianças participam de horta comunitária em comunidade de Olinda (PE)

Além da troca de conhecimentos, iniciativa aproveita terreno abandonado para garantir alimento saudável

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As atividades no quintal comunitário envolvem a aprendizagem de técnicas para o plantio - Afonso Bezerra
Por mais duro que o solo seja, a força da vontade de querer plantar é maior

Crianças e adolescentes da comunidade Vila Manchete, em Olinda (PE), estão ajudando a construir uma horta comunitária. Ao mesmo tempo em que elas aprendem técnicas agroecológicas, estão empolgados com a ideia de plantar o próprio alimento.

As mãozinhas pequenas plantam mais do que hortaliças. Estão colocando as sementes de um futuro melhor para o lugar onde vivem. Elas são protagonistas de uma história em busca de alimentação saudável e moradia digna, na ocupação Vila Manchete, no bairro de Ouro Preto, e agora fazem do quintal uma horta comunitária.

A estudante Evelyn Sofia atua no grupo há um ano e além dos benefícios para o local destaca a beleza da iniciativa. "O que planta, colhe. E eu acho muito bonito plantar."

Também no grupo, a estudante Ana Luiza, de 9 anos, demonstra a mesma satisfação da amiga. "Coloca a planta na terra, tira os matos para a planta ficar bonita e faz um bocado de coisa legal", relata.

As crianças mostram que plantar a própria comida pode ser mais divertido do que parece. E é brincando que elas vão dando um novo sentido para esta comunidade, ´que está em um terreno de uma emissora de TV que não existe mais. As horas vagas da tarde agora são dedicadas a construir novos laços com a terra. Aos poucos, o verde agroecológico cultivado pelas crianças vai colorindo a vida na ocupação.

Rosicleide Pinheiro, líder comunitária, está se sentindo realizada com o projeto. Para ela, aos poucos a ocupação vai ganhando vida.

"O meu sonho era ter um centro comunitário para ajudar a população da comunidade. E agora estamos realizando outro sonho, que é ter uma horta comunitária, porque essa horta não tem agrotóxico, é natural. E nós estamos participando porque é um negócio bom", relata.

A dona de casa Erivânia Correia está muito satisfeita porque sabe que o seu filho está envolvido numa atividade educativa e que permite que ele tenha acesso a uma alimentação saudável.

"É importante a criança comer comida saudável, tendo verdura e legumes, e melhor ainda é ser sem agrotóxicos, saudável. tirando da terra. Coisa mais linda", define.

Na horta, tem lição sobre compostagem, proteção do solo, irrigação e importância dos adubos naturais. Tudo seguindo os princípios agroecológicos, os primeiros passos para uma nova relação com a terra.

A horta está sendo germinada na comunidade com o apoio de diversas organizações, como o Instituto Mocambo, a Campanha Mãos Solidárias e o Movimento Sem Terra, além da a dedicação dos próprios moradores.

"Esse crescimento urbano desordenado muitas vezes não dá espaço para que as crianças vivam a infância de forma adequada. Então plantar, ter contato com a terra permitem que elas possam viver sua infância de uma forma adequada não só nas telas, e ir se apropriando dessa espaço para que vivam as etapas da infância", afirma Israel Vasconcelos, do Instituto Mocambo.

Napoleão Assunção, da Campanha Mãos Solidárias, se emociona ao falar que a experiência na Vila Manchete permite que as crianças acreditem num futuro melhor. "Por mais duro que o solo seja, a força da vontade de querer plantar é maior e você consegue fazer com que ela respire e vire terra fértil", afirma.

Aos poucos, o lugar  marcado pela resistência, vai ganhando novos significados e muitos futuros pela frente. Com um passo de cada vez, semente a semente. "A ideia da horta é trazer o alimento saudável para a comunidade, ensinar a plantar e colher", define Napoleão.

Edição: Thalita Pires