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Homem retirado de ocupação do MST no Pará estava armado e ameaçou famílias, diz movimento

Perfis bolsonaristas têm usado vídeo da ação pacífica para criminalizar o MST; a área foi ocupada no dia 20 de novembro

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Ocupação em Parauapebas (PA) foi organizada pelo MST em 20 de novembro. - MST/PA

Um vídeo que circula nas redes sociais bolsonaristas mostra o momento em que um homem é abordado e convidado a se retirar de uma área ocupada por famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). As imagens foram registradas durante a ocupação de um complexo de fazendas em Parauapebas, no sudeste do Pará, no dia 20 de novembro, por mais de duas mil famílias.

A abordagem acontece pacificamente. Um grupo de militantes do MST vai até a casa e informa que o homem terá que deixar a residência, pois a propriedade foi ocupada. "Foi feita uma ocupação de terra, e vocês têm até as 8h [para sair]. A gente vai dar toda a acessibilidade para vocês, apoio", diz uma integrante do movimento. 

O homem então questiona sobre o gado criado no local: "a parte de gado, essas coisas?", pergunta.

"A gente não vai mexer. Isso não é problema nosso", diz a acampada, que em seguida explica as etapas seguintes.  

Em nota, o MST informou que a retirada do homem que aparece no vídeo aconteceu de forma respeitosa e sem violência. O comunicado informa que se trata de um vaqueiro "que estava armado e ameaçando as famílias ocupantes".

Sem relatar o contexto, as legendas apresentadas nos compartilhamentos nos perfis de extrema direita apontam para a criminalização do movimento, que estaria expulsando o proprietário da área.

O movimento acrescenta que o pedido para que o vaqueiro deixasse o local se justificava pela ocupação da fazenda e que, a partir daquele momento, "a reivindicação era de que o Incra [instituto responsável pela implementação da reforma agrária] e a Justiça fizessem a vistoria da terra, e, comprovada a sua situação ilegal, que a mesma fosse colocada à disposição da reforma agrária", diz a nota.

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Segundo o MST, na propriedade, que está improdutiva e que seria fruto de grilagem, também foi encontrada uma família, que foi convidada a se juntar ao movimento. As condições de trabalho às quais os trabalhadores estavam submetidos, de acordo com o MST, eram análogas à de escravidão.

"Sua casa, já pequena, era usada para depósito das coisas da fazenda, tonéis, pedaços de maquinários e ração animal. Sua dormida era em rede armada a céu aberto, a cozinha, um barraco de palha improvisado. Tudo isso está devidamente registrado", detalha o comunicado.

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Por fim, o MST condena a atuação da extrema direita, "que manipula informações e tenta criminalizar nossa organização, que jamais usará suas redes para defender os trabalhadores. Apenas para usar de trampolim midiático."

Edição: Geisa Marques