Fórum de Davos

'Sem nós, não há perspectivas', diz Rússia sobre negociações de paz em Davos

Ucrânia quer usar Fórum Econômico Mundial para angariar apoio de países do Sul Global e promover sua 'fórmula de paz'

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Foto oficial dos membros da 4ª reunião dos Conselheiros de Segurança Nacional sobre a fórmula de paz para a Ucrânia, em Davos, realizada no dia 14 de janeiro de 2024. - Gian Ehrenzeller / POOL / AFP

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, participa nesta segunda-feira (15) do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, onde foram realizadas no último fim de semana negociações internacionais sobre possíveis fórmulas de paz para a guerra entre Rússia e Ucrânia. 

O objetivo de Zelensky é promover o plano ucraniano e, ao mesmo tempo, angariar apoio dos países do Sul Global para a sua "fórmula de paz" de dez pontos, inicialmente apresentada na cúpula do G20, em 15 de Novembro de 2022.

O plano, entre outras coisas, inclui a retirada das tropas russas de todo o território internacionalmente reconhecido da Ucrânia, incluindo a Crimeia. A proposta também prevê a punição de criminosos de guerra e o pagamento de indenizações.

A Rússia, por sua vez, rejeita todos os pontos do plano de Zelensky e não participa das conversas em Davos. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou nesta segunda-feira (15) que a reunião que ocorreu na Suíça "não tem perspectivas de um resultado positivo", já que não conta com a participação da Rússia.

"Demos repetidamente a nossa avaliação deste processo. Essencialmente, é falar por falar. O processo não visa e não pode ter como objetivo alcançar um resultado específico. A Rússia não está envolvida nisso. Sem a nossa participação, as discussões são possíveis, mas são desprovidas de perspectivas", disse Peskov.

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As negociações sobre a "fórmula de paz" ucraniana em Davos terminaram sem o desenvolvimento de um plano claro. Representantes de 83 países participaram das conversações, incluindo nações da Ásia e África. 

No último domingo (14), o ministro das Relações Exteriores suíço, Ignazio Cassis, fez um pelo para buscar uma forma de tornar Moscou parte das discussões sobre a "fórmula de paz".

"Teremos de encontrar uma forma de incluir a Rússia neste processo [de paz]. Não haverá paz se a Rússia não tiver uma palavra a dizer. Mas isto não significa que devamos ficar sentados à espera que a Rússia faça alguma coisa – muito pelo contrário. A cada minuto que esperamos, dezenas de civis na Ucrânia são mortos ou feridos. Não temos o direito de apenas esperar", acrescentou.

Ao comentar a declaração do ministro suíço, a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, afirmou que o Ocidente não será capaz de "encurralar" Moscou oferecendo uma solução pacífica nos seus próprios termos, reiterando que a Rússia deveria ser incluída no processo de paz na Ucrânia.

"Se estamos falando sobre o desejo de cada país de encontrar uma saída para o impasse em que Washington os conduziu, esta é uma conversa. Então eles precisam parar de fornecer armas à Ucrânia, não aceitar sanções anti-russas e não fazer declarações russofóbicas", disse Zakharova.

Edição: Lucas Estanislau