G20 no Brasil

No G20, chanceler russo diz que 'arrogância do Ocidente' não permite negociações sobre Ucrânia

Ministro diz que maioria dos países do G20 não apoiou as tentativas do Ocidente 'ucranizar' a agenda do encontro

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, fala com a imprensa russa durante a reunião de chanceleres do G20, no Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 2024. - Serguei Monin / Brasil de Fato

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, declarou nesta quinta-feira (22) que os países do Ocidente não querem realizar um diálogo sério sobre a situação da Ucrânia. A fala ocorreu durante entrevista coletiva à imprensa russa na reunião de chanceleres do G20, no Rio de Janeiro, que contou com a presença do Brasil de Fato. ´

O chanceler russo informou que não houve quaisquer contatos com os chefes da diplomacia britânica e dos EUA. Ao comentar o encontro do secretário de Estado estadunidense, Antony Blinken, com o presidente Lula, Lavrov lembrou que, após a reunião, Blinken disse aos repórteres que não via quaisquer condições para iniciar negociações sobre a Ucrânia.

"Vocês ouviram o que dizemos e confirmamos nossas palavras com os atos em Istambul há dois anos, e o que nossos colegas dizem, deixe-os explicar por que categoricamente não querem nenhum diálogo sério sobre os problemas reais que eles próprios criaram na Ucrânia", disse o chanceler, se referindo às negociações que ocorreram em março de 2022 sobre a crise ucraniana. 

Segundo ele, é impossível restaurar a confiança nas relações com os EUA quando “a Rússia é abertamente declarada um Estado hostil, uma ameaça imediata que deve ser destruída e estrategicamente derrotada”. Lavrov acrescentou que Moscou não recebeu quaisquer “propostas sérias” de Washington para retomar o diálogo sobre estabilidade estratégica.

O ministro das Relações Exteriores russo declarou que a "arrogância e a preocupação do Ocidente com a russofobia" não permite falar de negociações sobre a Ucrânia. "[O Ocidente] não quer um diálogo sério", completa.

Assim, o chefe do Itamaraty observou que os discursos dos ministros das Relações Exteriores da Grã-Bretanha David Cameron e da Alemanha Annalena Bärbock foram “severamente anti-russos”, lançando diversas acusações, citando "horrores contra crianças que a Rússia está supostamente sequestrando na Ucrânia".”

Ao mesmo tempo, ele destacou que a maioria dos países do G20 não apoiou as tentativas dos representantes ocidentais de "ucranizar" a agenda e desviar a discussão dos problemas da economia. O chanceler destacou que estas tentativas falharam graças aos esforços conjuntos dos países do Sul global.

Neste sentido ele elogiou a presidência brasileira no G20 em não separar as questões geopolíticas da discussão sobre os problemas econômicos mundiais. 

Lavrov se reunirá com Lula em Brasília

O ministro russo confirmou que viaja a Brasília nesta quinta-feira (22), onde se reunirá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A confirmação veio após a informação de que houve problemas com o reabastecimento do avião para o voo a Brasília.

"Acontece que aqui no Brasil praticamente não existem empresas que reabastecem aeronaves que não sejam de propriedade de corporações ocidentais. Mas quero registrar a atuação das autoridades brasileiras, que têm feito de tudo para resolver essa questão. Tal reunião levará lugar hoje", disse Lavrov. 

Anteriormente havia sido relatado que, devido à falta de garantias de combustível do distribuidor local, a viagem do chanceler russo para uma reunião com o presidente do Brasil poderia não acontecer. A distribuidora Vibra não teria garantido o abastecimento da aeronave russa por receio de receber sanções dos EUA.

Edição: Rodrigo Durão Coelho