EVENTOS EXTREMOS

Acre é castigado por inundações três meses após seca severa na Amazônia

Variação de nível do rio Acre equivale a prédio de 5 andares; população ainda se recuperava de estiagem do ano passado

Brasil de Fato | Lábrea (AM) |
Brasiléia (AC), município mais atingido, ficou 75% submerso e registrou maior cheia da história - Marcos Vicentti/Secom Acre

As fortes cheias que atingem o Acre neste início de ano levaram 17 dos 22 municípios a declararem situação de emergência. Quase 6 mil desabrigados foram levadas a abrigos públicos. Outras 8,5 mil foram para casas de familiares ou amigos. O total de pessoas atingidas é de 60 mil. 

Há três meses, a população acreana enfrentava outro evento climático extremo: a seca. A estiagem que castigou também o Amazonas e o Pará deixou comunidades inteiras isoladas. Sem o transporte pelos rios, faltou água potável, comida, além de acesso á saúde e educação. Agora, a população vê o nível dos rios aumentarem a cada dia, e o número de atingidos deve aumentar. 

Em Rio Branco (AC), o nível do rio Acre superou os 16 metros nesta quarta-feira (28), quatro metros a mais do que a cota de transbordo. No início de novembro, a água estava em apenas 1,4 metro – praticamente seco. A variação registrada no período, de 15 metros, é equivalente a um prédio de cinco andares. 

A situação mais crítica da cheia é no município de Brasiléia (AC), a 230 quilômetros da capital, que sofre a pior inundação até hoje. A Defesa Civil declarou que 75% do município está embaixo d'água. Mais da metade dos 20 mil moradores da cidade foi afetada de alguma forma. Na zona rural, 500 pessoas estão isoladas e 20 pontes foram destruídas pela enxurrada. 

Geraldo Alckmin (PSB), presidente da República em exercício, ligou para o governador Gladson Cameli (PP), e disse que enviará recursos para ajudar na recuperação dos municípios. Em novembro de 2023, o governo federal enviou R$ 8 milhões ao estado por causa da estiagem que afetava a Amazônia. 

O governo estadual converteu escolas em abrigos para famílias desabrigadas pelas cheias. Outras instituições de ensino ficaram alagadas, o que deve resultar em mudanças no calendário escolar. 

"Isso tudo é reflexo da cheia em todos os municípios, em todas as regionais, e é uma preocupação bem grande. Mas, em Rio Branco e demais municípios, as aulas continuam normalmente nas escolas que não foram alagadas e nem estão servindo como abrigo", declarou Aberson Carvalho, chefe da Defesa Civil. 

Os municípios atingidos são Assis Brasil, Brasileia, Capixaba, Cruzeiro do Sul, Epitaciolândia, Feijó, Jordão Mâncio Lima, Marechal Thaumaturgo, Plácido de Castro, Porto Walter, Rio Branco, Santa Rosa do Purus, Sena Madureira, Tarauacá e Xapuri.

Edição: Thalita Pires