Quatro jovens negros da região metropolitana do Rio de Janeiro lutam para provar a sua inocência e retomar as suas vidas após serem condenados erroneamente a partir do reconhecimento de uma fotografia presente em um álbum de suspeitos, ou exibida arbitrariamente na delegacia. A história do documentário Reconhecidos descortina o racismo estrutural e institucional e os impactos sociais dos erros do judiciário.
A obra, uma coprodução da Cardume Filmes e da Produtora Viralata, está em cartaz no festival É Tudo Verdade, com exibições gratuitas no Rio de Janeiro e em São Paulo. O longa estreou no festival no sábado (5) e a próxima exibição na cidade carioca ocorre no dia 13 de abril na Estação Net Rio, em Botafogo, na zona sul do Rio. O filme é dirigido por Fernanda Amim e Micael Hocherman, com produção de Gabriel Correa e Castro, Rafael Machado, Fernanda Amim e Micael Hocherman.
As histórias dos jovens revelam que, por trás de conflitos e posicionamentos jurídicos, existem pessoas, muitas vezes inocentes. O documentário debate sobre o sistema de justiça, a estrutura e o desenvolvimento da própria sociedade.
Ao Brasil de Fato, a diretora Fernanda Amim contou sobre o processo de produção do filme que começou em 2020 durante a pandemia. Ela relatou que a ideia do longa teve início após uma pessoa próxima de amigos ser presa injustamente acusada de ter cometido um roubo, sendo que ela estava se recuperando de uma cirurgia. A partir da história de Gustavo, a pesquisa se aprofundou na busca de outros personagens.
“Achei os casos em uma campanha organizada pela Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro que era ‘Justiça para os Inocentes’. Uma das advogadas, que atuava em conjunto com essa campanha, me procurou e me falou do caso do Cláudio, que apesar dele ter múltiplas condenações, era um caso que ele estava sempre à espera de ser preso novamente. O Cláudio explicou toda a situação gravíssima, a gente apresentou a ideia do filme, e ele super topou participar. E da mesma forma foi acontecendo com outros personagens”, explica Amim que também é advogada.
A escolha pelo Rio de Janeiro ocorreu, inicialmente, por ficar mais viável do ponto de vista orçamentário, e, posteriormente, pelo fato de o estado ter o maior número de casos de condenações injustas com base em reconhecimento fotográfico comparado com outros estados. Hocherman explicou à reportagem que a produção do filme foi independente e que uma das principais preocupações dos diretores foi com a linguagem do documentário.
“O nosso objetivo desde o início foi fazer um filme em cinema direto, pois acreditávamos que essa linguagem traria uma conexão e uma sensibilização maior com as histórias. Pois esse é um filme de denúncia, e o objetivo é sensibilizar os agentes do sistema de justiça para que histórias como a de João, Alberto, Gustavo e Cláudio parem de acontecer”, comenta o diretor.
O documentário contou com o apoio da Rio Filmes e da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do RJ e será exibido no Rio de Janeiro no domingo (13), às 18h, no Estação Net Rio em Botafogo, na zona sul da capital fluminense.
Serviço:
Festival É Tudo Verdade – Reconhecidos
Rio de Janeiro
Local: Sessão na Estação Net Rio
Data: 13/04
Horário: 18h
Endereço: Rua Voluntários da Pátria, 35 – Botafogo
São Paulo
Local: Sessão no Instituto Moreira Sales – IMS
Data: 11/04
Horário: 20h30
Endereço: Avenida Paulista, 2024 – Bela Vista