“A China e os Estados Unidos não realizaram consultas ou negociações sobre questões tarifárias; os Estados Unidos não devem confundir o público”, disse nesta sexta-feira (25), o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Guo Jiakun. A resposta reitera a afirmação de Pequim de que nenhuma negociação estaria acontecendo entre os dois países e desmente falas do presidente estadunidense, Donald Trump, que sugerem o contrário.
Na quinta-feira (24), He Yadong, porta-voz do Ministério do Comércio da China, disse que “quaisquer alegações sobre o progresso das negociações econômicas e comerciais entre a China e os EUA são infundadas e não têm base factual”.
Em seguida, Trump foi questionado sobre essa afirmação pela imprensa local sobre o assunto, quando disse: “Eles tiveram uma reunião esta manhã”. Quando consultado sobre quem seriam “eles”, Trump afirmou que não poderia dizer quem são. “Não importa quem são ‘eles’, talvez o revelaremos mais tarde, mas eles tiveram reuniões nesta manhã, e nós temos nos reunido com a China”.
Reação da China em medidas econômicas
Nesta sexta, o Politburo do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh) determinou que a proporção do fundo de seguro-desemprego seja aumentada para as empresas que forem “fortemente afetadas” pelas tarifas do governo Trump.
Xi Jinping, secretário-geral do Comitê Central, conduziu uma reunião do Politburo para “analisar e estudar” a situação e o que chamam de “trabalho econômico”, ou seja, as estratégias e políticas do governo nessa área.
Outra determinação do país foi a de “fortalecer a produção agrícola e estabilizar os preços dos grãos e outros produtos agrícolas importantes”.
A reunião enfatizou ainda a necessidade de “intensificar a implementação de políticas macroeconômicas mais proativas e eficazes e fazer bom uso de políticas fiscais mais proativas e políticas monetárias moderadamente flexíveis”, segundo a agência de notícias Xinhua.
O órgão do PCCh determinou acelerar a emissão e o uso de títulos especiais de governos locais e os títulos de ultralongo prazo.
As emissões desses títulos são uma ferramenta comum na economia chinesa, utilizada para financiar infraestrutura (de transporte, energia, etc), e permitem dinamizar as economias locais e melhorar o acesso a serviços públicos.
De acordo com dados do Ministério das Finanças da China, no ano passado foram emitidos ao todo 4 trilhões de yuans (mais de R$ 3 tri) em títulos especiais de governos locais, e 1 trilhão de yuans em títulos especiais do tesouro de ultralongo prazo.
Outras orientações seguem definições tomadas recentemente em instâncias como a Conferência Central de Trabalho Econômico ou a terceira plenária do 20° Comitê Central do PCCh, do ano passado.
As definições também incluem o aumento de recursos para grupos de renda média e baixa, o incentivo ao consumo de serviços, assim como o fortalecimento do papel do consumo interno para crescimento econômico.
“Fentanil é um problema dos EUA, não nosso”
Ainda na coletiva desta sexta-feira, a chancelaria chinesa disse que o “fentanil é um problema dos Estados Unidos, não da China”.
Guo Jiakun respondeu o questionamento de que os países estariam negociando sobre o opioide sintético.
“Os EUA ignoraram a boa vontade da China e impuseram tarifas irracionais sobre o fentanil. Este é um ato típico de intimidação que prejudica seriamente o diálogo e a cooperação entre as duas partes no campo do controle de drogas”, disse Guo.
Em 2017, a China tomou medidas para controlar a exportação da droga, que possui usos legais. As medidas ocorreram ainda durante a primeira administração Trump, também a pedido do governo norte-americano.
As primeiras tarifas, de 10% cada. impostas este ano pelo governo Trump foram sob a justificativa de que a China não estaria cooperando em relação ao fentanil.
“Ataques difamatórios não vão encobrir suas próprias falhas (…) exercer pressão e ameaças não é a maneira correta de lidar com a China”, disse o porta-voz chinês.