O Sindicato dos Metroviários de São Paulo e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) realizam, na tarde desta quarta-feira (7), um protesto em frente à estação Campo Limpo, na zona Sul da capital paulista. Foi nesse local, na manhã de terça-feira (6), que o repositor de supermercados Lourivaldo Ferreira Silva Nepomuceno, de 35 anos, morreu após ficar preso entre as portas do vagão e da plataforma da Linha 5-Lilás, operada pela concessionária privada ViaMobilidade.
Para Camila Lisboa, presidente do sindicato, a morte do trabalhador é consequência direta da lógica de corte de custos imposta pela privatização. “Os cartazes aqui dizem o seguinte: ‘Não foi acidente, foi negligência’ e ‘Privatização mata'”. Isso é verdade, porque para ter segurança tem que ter investimento”, afirmou em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, diretamente da manifestação. “O que a privatização faz é a lógica da redução de custo, é o lucro acima de tudo, acima da vida. Dessa vez, foi acima da vida do Lourival”, lamentou.
Lisboa cobrou do governo do estado uma investigação independente e o fim da concessão privada. “Exigimos que a ViaMobilidade seja responsabilizada, e que o governo cancele imediatamente esse contrato de concessão”, disse. Segundo ela, o acidente poderia ter sido evitado com a instalação de sensores de movimento nas portas de plataforma, tecnologia já utilizada nas linhas 1-Azul e 3-Vermelha, que continuam sob gestão da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô).
Segundo a presidente do sindicato, a morte de Lourivaldo “poderia ter sido evitada”. Ela lembra que, em 12 de julho de 2023, um acidente semelhante ocorreu na mesma Linha 5-Lilás, quando uma pessoa também ficou presa entre o trem e a plataforma, mas sobreviveu. “Desde então, a ViaMobilidade deveria ter tomado providências. Esse tipo de tecnologia, os sensores de movimento, poderiam muito bem ter sido instalados, como já acontece nas linhas 1 e 3 do metrô”, afirmou.
“Nós estamos falando de uma linha super lotada. A estação Paulista, nesse horário, é uma região muito populosa da cidade”, observou. “Agora, o presidente da ViaMobilidade fala que os sensores serão instalados até fevereiro de 2026. Mas uma vida já foi perdida”, complementou.
A Linha 5-Lilás foi entregue à iniciativa privada em janeiro de 2018, após leilão vencido pelo grupo CCR, responsável também pela operação da Linha 8-Diamante e da Linha 9-Esmeralda da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Segundo o sindicato, desde a concessão, houve aumento expressivo nas falhas operacionais e nos relatos de insegurança.
O sindicato responsabiliza o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), que tem aprofundado a política de privatizações no estado. “Com certeza, essa morte é resultado da privatização. De lá pra cá, a insegurança no sistema aumentou muito, e tragicamente esse fato vem confirmar essa situação”, já havia dito Lisboa nesta manhã ao Brasil de Fato.
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