As maiores empresas de entrega de comida que operam no estado do Rio foram convidadas a participar de uma audiência pública sobre segurança alimentar dos motoboys na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) na próxima sexta-feira (23). A iniciativa é do mandato da deputada estadual Marina do MST (PT).
Apenas o hegemônico iFood respondeu ao convite da parlamentar informando que não irá comparecer “por motivos de força maior”. A audiência é motivada pela pesquisa Entregas da Fome, da ONG Ação da Cidadania, que mostrou a condição de insegurança alimentar a que estão submetidos os trabalhadores.
Ficou constatado que três em cada 10 entregadores de comida por aplicativos do Rio de Janeiro e de São Paulo vivem algum grau de insegurança alimentar. Para Maíra Oliveira, coordenadora de Advocacy do Ação Cidadania, a audiência será um marco por tratar desse tema pela primeira em uma assembleia legislativa estadual.
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“Os dados da pesquisa mostram uma realidade muito dura, e agora a gente começa, de fato, a trazer esse assunto para o centro do debate. É uma oportunidade de questionar como esse trabalho tem funcionado e dar visibilidade à exploração que muitos trabalhadores enfrentam todos os dias. A nossa expectativa é que essa conversa se espalhe por outros estados e também chegue ao Congresso”, disse ao Brasil de Fato.
Direitos
Um breque nacional nos dias 31 de março e 1º de abril mobilizou trabalhadores em ao menos 70 cidades do país, tendo como alvo principal o iFood, mas também os demais aplicativos de delivery. A paralisação teve como demanda central reajuste na taxa mínima por corrida.
Depois da greve, o iFood anunciou um aumento considerado insuficiente pelo Comando Nacional do Breque, de R$ 0,50 para os entregadores de bike e de R$ 1 para os de moto.
Ao Brasil de Fato, a deputada estadual Marina do MST afirmou que o lucro das empresas de aplicativo vem às custas da ausência de proteção e vínculo trabalhista.
“Hoje, milhares de entregadores por aplicativo trabalham sem qualquer direito garantido, sem a proteção da lei, sem vínculo, e ainda arcam com todos os custos e riscos, enquanto as plataformas lucram bilhões. Isso é inaceitável. Precisamos responsabilizar essas empresas, inclusive financeiramente. É urgente garantirmos condições dignas de trabalho para quem move a economia todos os dias”, declarou à reportagem.
As empresas 99 Food, Uber Eats e Rappi também foram convidados a participar da audiência pública na próxima sexta (23) sobre a insegurança alimentar dos trabalhadores. Além da negativa do iFood, até o fechamento desta matéria, nenhuma outra havia retornado. O ofício foi enviado às empresas com mais de duas semanas de antecedência.
A reportagem procurou a assessoria de imprensa do iFood para comentar o tema da audiência pública, mas ainda não obteve resposta. O texto será atualizado com o retorno.
Serviço
Audiência Pública: Trabalhadores informais, entregadores de aplicativos e promoção da segurança alimentar
Data: 23 de maio de 2025 (sexta-feira)
Horário: 14h
Local: Escola do Legislativo da Alerj (Rua da Ajuda, nº 5, 2° andar)
Inscrições devem ser realizadas no formulário online (neste link)