O partido de extrema direita Chega tornou-se oficialmente a segunda maior força política de Portugal, ao superar o Partido Socialista nas eleições legislativas antecipadas de 18 de maio graças aos votos do exterior, segundo os resultados definitivos publicados na quarta-feira (28). O partido reacionário liderado por André Ventura havia empatado com 58 cadeiras com o Partido Socialista na apuração provisória, mas venceu em duas das quatro circunscrições no exterior, cujos resultados ainda não haviam sido publicados.
“É uma grande vitória”, disse o fundador e líder do Chega, André Ventura. “Marca uma mudança profunda no sistema político português”, celebrou. Com o resultado definitivo, o Chega obteve 22,76% dos votos e 60 cadeiras no Parlamento nas legislativas vencidas pela Aliança Democrática (AD, centro-direita) do primeiro-ministro Luis Montenegro.
A aliança de centro-direita venceu nas outras duas circunscrições do exterior e chegou a 91 deputados, muito distante dos 116 necessários para formar um governo. Com os resultados já publicados, Montenegro tentará formar um governo em minoria. O primeiro-ministro garantiu que não vai trabalhar com o Chega, embora Ventura insista que ele deve “romper” com os socialistas.
Crescimento
O apoio à legenda de extrema direita aumentou a cada eleição desde que o partido foi fundado em 2019 pelo ex-seminarista, que também foi comentarista de futebol na televisão. Naquele ano, o Chega recebeu 1,3% dos votos nas eleições gerais, conquistando a primeira cadeira no Parlamento para um partido de extrema direita em Portugal desde a Revolução dos Cravos, que acabou, em 1974, com décadas de ditadura de direita.
Nas eleições gerais seguintes, em 2022, o Chega virou a terceira força parlamentar. E no ano passado, quadruplicou o número de cadeiras no Parlamento, com 50, e consolidou seu lugar no cenário político português. A legenda propõe políticas como aplicar a castração química a pedófilos, limitar o acesso dos recém-chegados aos benefícios do Estado de bem-estar e impor controles mais rigorosos à migração.
Ventura compareceu à cerimônia de posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em janeiro e recebeu apoio do ex-presidente de extrema direita brasileiro Jair Bolsonaro. Após a divulgação dos resultados preliminares na semana passada, Ventura declarou que o Chega superaria o Partido Socialista.”Nada será igual outra vez”, gritou para seus seguidores, que cantavam “Portugal é nosso e sempre será”.
O líder do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, economista de 48 anos, anunciou que deixaria o comando do partido após a publicação dos resultados iniciais. Durante o governo socialista anterior, Portugal virou um dos países da Europa mais abertos aos migrantes. Entre 2017 e 2024, o número de residentes estrangeiros quadruplicou e agora representa 15% do total da população.
O presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, deve se reunir nesta quinta-feira com os líderes dos três principais partidos e nomear um novo primeiro-ministro.
*Com AFP