Com bilheteria esgotada, a noite brasileira no Montreaux Jazz Festival da Suíça foi uma gota de esperança num mundo em ebulição e que vive uma geopolítica tão complexa. Anavitória e Seu Jorge foram o ying e o yang, o concavo e o convexo ao longo da noite e levaram ao público do Casino do MJF a arte, a poesia, a alegria e a excelência dos artistas brasileiros. Bom lembrar que nos palcos deste festival já passaram Elis Regina, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Joao Bosco, Ney Matogrosso entre outros tantos ícones da música brasileira.
O público era composto por distintas nacionalidades, entre elas suíços, franceses e uma parte significativa de brasileiros que vibrou, dançou, se emocionou, e cantou ao longo de todo o show. A brasileira Ana Carolina de Lima Vieira que vive há 14 anos na Europa comentou que “a noite foi incrível, se por um lado, pudemos conhecer melhor o trabalho de novos talentos brasileiros como Anavitória, por outro, curtimos muito o show de um artista já consagrado, mas em constante evolução”.

A apresentação de Ana Caetano e Vitoria Falcão, do duo Anavitória, participando pela primeira vez no Festival de Montreaux, foi um momento de reconexão com o que existe de mais bonito nas relações humanas e com a poesia que a vida pode nos trazer quando assistimos um espetáculo delicado, sensível, belo e que nos reporta diretamente com as melhores emoções e sentimentos que podemos ter como seres humanos.

O compositor, cantor, instrumentista e ator brasileiro Seu Jorge trouxe ao palco do lendário Montreaux Jazz Festival, no sábado (5), o show Baile à la Baiana que é uma mescla de ritmos como o samba, o funk carioca, o soul, o que transformou a apresentação numa explosão de ritmos em uma conexão musical brasileira genuína. O artista era muito aguardado pela plateia e o espetáculo encantou o público pela excelência e potência da apresentação.
Com um francês fluente Seu Jorge contou histórias como as músicas de David Bowie para as quais ele escreveu as versões para o português, homenageou a plateia com bossa nova e relembrou sucessos como Burguesinha e Felicidade.
Na opinião do francês Jérôme Amoudruz, a noite foi demais. “Trouxe a cultura brasileira para o festival. Sou muito fã do Seu Jorge, que é um artista completo, que transmite muita energia e humildade. Além disso, fala muito bem francês.”

Seu Jorge segue com a turnê para Lyon, Toulouse e Arles na França, Barcelona e Madri na Espanha, Rotterdam na Holanda, Gent na Bélgica, retorna a Suíça para uma apresentação no X-TRA em Zurique e finaliza em agosto em Portugal.
O Montreaux Jazz Festival ao falar sobre o artista brasileiro em suas publicações diz: “Ícone da música brasileira, Seu Jorge mistura samba, música popular e pop com uma elegância ímpar. Nascido em 1970 em uma cidade industrial da periferia do Rio, viveu uma juventude marcada pela pobreza antes de se revelar pela voz e pelo carisma, primeiro com o grupo Farofa Carioca, depois solo. Sua carreira foi marcada por sucessos com álbuns como Música para Churrasco e América Brasil. Mas foi no cinema que o grande público o descobriu de fato, por meio de seus covers de David Bowie em A Vida Marinha, de Wes Anderson, com Steve Zissou e seu papel no comovente Cidade de Deus. Verdadeiro embaixador da cultura brasileira, Seu Jorge continua a cativar palcos ao redor do mundo e se apresentará neste verão, pela terceira vez, no Montreux Jazz Festival”.
História do Montreaux Jazz Festival

O lendário e icônico Montreux Jazz Festival (MJF) ocorre por duas semanas, na cidade de Montreaux, às margens do Lago Leman, na Suíça. O festival que é considerado um dos mais importantes do mundo tem gerado histórias e performances lendárias ao longo dos seus 59 anos de existência. Cerca de 250 mil espectadores assistem ao festival todos os anos, aproveitando um cenário de tirar o fôlego, shows e vários palcos incluindo os espetáculos gratuitos.
O Montreux Jazz Festival foi criado em 1967, pelo cozinheiro e promotor de turismo Claude Nobs que transformou seu amor pelo jazz no que se tornaria um fenômeno global. É dirigido desde 2013 por Mathieu Jaton. O MJF é conhecido por uma programação ambiciosa e que oferece um cenário privilegiado tanto para os artistas como para o público.
Conhecido por sua diversidade musical, o MJF abraça, além do jazz, gêneros como rock, blues, soul e música eletrônica. Pelos seus palcos já passaram inúmeros artistas mundialmente famosos tais como Miles Davis, Ella Fitzgerald, Nina Simone, Ray Charles, Marvin Gaye, Prince, Leonard Cohen, David Bowie, Elton John, Stevie Wonder, Aretha Franklin, B.B. King, Muse, Radiohead, Kendrick Lamar, Ed Sheeran e Dua Lipa, Alice Cooper, Lenny Kravitz e Sting, Janelle Monáe, Róisín Murphy e Dionne Warwick, Kraftwerk e Massive Attack, Pink Floyd, Deep Purple, Van Morrison, Neil Young, Patti Smith, PJ Harvey, ZZ Top entre outros.

Os números do Montreaux Jazz Festival são impactantes. São 15 cenários diferentes de apresentações, sendo que 13 deles são gratuitos. Nestes palcos passam mais de 600 concertos e atividades totalmente gratuitas. Nos dois principais cenários Scene du Lac, com capacidade para 5,5 mil pessoas, e o Casino, capacidade de 1,3 mil lugares, acontecem 61 concertos onde entre os artistas que se apresentam neste ano 82 deles são vencedores do Grammy Awards e três ganhadores do Oscar. São 800 mil seguidores de todo o mundo do MJF nas redes sociais, mais de 400 jornalistas fotojornalistas e profissionais da mídia participando e mais de 2 mil pessoas que compõem o staff. Todo este cenário leva 35 dias de montagem e tem um orçamento de 30 milhões de francos suíços.
O Montreux Jazz Festival continua a ser um evento cultural dos mais importante, atraindo músicos e fãs de todo o mundo e uma das características deste festival é que não é apenas um palco para lendas estabelecidas, mas também um local para jovens talentos e tem sido um trampolim para artistas no início de suas carreiras.

O Brasil tem uma longa e rica história de participações no Montreux Jazz Festival, com diversos artistas brasileiros marcando presença no evento ao longo dos anos. A primeira participação de artistas brasileiros foi em 1978 com a primeira Noite Brasileira no Montreux Jazz Festival, graças ao incentivo do produtor musical Marco Mazzola, que intermediou essa aproximação com Claude Nobs.
Passaram pelos palcos do MJF Gilberto Gil, Elis Regina, Tom Jobim, Gal Costa, Milton Nascimento, Marisa Monte, Daniela Mercury, Caetano Veloso, Ney Matogrosso, A Cor do Som, Silvinho, Chico Cesar, Maria Bethânia, Jair Rodrigues e seus filhos Luciana Mello e Jair Oliveira, João Gilberto, Bebel Gilberto, Trio-projeto M2S, Emicida, Jorge Ben, Beth Carvalho, Ivete Sangalo, Mart’nalia, Elba Ramalho, Maria Rita, Ivan Lins, Adriana Calcanhoto entre outros.
Este ano estão nos palcos do Montreaux Jazz Festival artistas tais como Chaka Kan, Grece Jones, Trueno, J.Balvin, Neil Young, Diana Ross, Santana, Alanis Morissette, Jorge Drexler, Lionel Richie, Seu Jorge, Anavitória entre outros.
