A Prefeitura de São Paulo é acusada de censura após interromper a apresentação da banda Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo, que fazia um show gratuito na Praça do Patriarca, região central da capital, na tarde da última sexta-feira (11). O grupo participava da Semana do Rock, evento promovido pela Secretaria Municipal de Cultura.
Segundo a empresária da banda, Francesca Ribeiro, o show foi encerrado 20 minutos antes do previsto, e sete músicas da apresentação ficaram de fora. O motivo, afirma, foi a projeção de imagens com mensagens políticas — entre elas, frases como “Palestina Livre” e “Boicote Israel” — além de críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e à escala 6×1 de trabalho.
Em nota, a Secretaria Municipal de Cultura confirmou que desligou o telão e reduziu o volume do som, alegando descumprimento de cláusulas contratuais e “ofensas contra terceiros”. A banda, por sua vez, contesta a versão e afirma que o contrato não previa nenhum veto a manifestações políticas durante os shows.
Trechos do contrato obtidos pela imprensa reforçam a posição da banda. O documento aponta que manifestações são de responsabilidade dos artistas, e que a prefeitura pode cobrar indenizações apenas em caso de processos judiciais, o que não se aplica ao episódio desta sexta-feira.
As imagens projetadas incluíam, além das mensagens políticas, referências visuais ao cineasta Glauber Rocha, bandeiras de diferentes países e artes gráficas da própria banda.
Durante o show, o produtor do evento teria feito diversas ameaças de interrupção, caso novas manifestações fossem feitas. Pouco tempo depois, o telão foi desligado. Na sequência, a vocalista Sophia Chablau reagiu publicamente.
“Que história é essa? O nosso governo federal apoia a Palestina. Não tem nada de errado a gente apoiar a Palestina. A gente não está indo contra as leis do nosso próprio país, afirmou no palco. Foda-se que foi a Prefeitura que contratou a gente. Vocês estão dando espaço para a cultura? A cultura é assim”, finalizou a artista.