O Brasil passará a integrar a ação que a África do Sul move contra Israel por genocídio ao povo palestino, na Corte Internacional de Justiça das Nações Unidas. O Brasil entrará como terceira parte no processo. A decisão está alinhada aos movimentos institucionais do governo brasileiro, crítico à postura israelense.
Em entrevista à Al Jazeera na Cúpula do Brics, o chanceler Mauro Vieira adiantou que o Brasil assinaria a ação sul-africana contra o genocídio israelense e disse que o Brasil tentou fazer movimentos institucionais, mas sem resultado. “Nós fizemos enormes esforços para chamar por negociações. Os últimos desenvolvimentos da guerra nos fizeram tomar a decisão de nos juntarmos à África do Sul na Corte Internacional”, disse o chanceler.
Em curso desde os ataques de 7 de outubro de 2023, a alegada resposta israelense contra o grupo Hamas já matou mais de 55 mil palestinos de acordo com o Ministério da Saúde local – número que, pesquisadores apontam, é amplamente subnotificado.
Após duas semanas de conflito com o Irã, Israel retomou a frente de batalha em Gaza e promoveu novos ataques ao povo palestino, incluindo bombardeios em áreas civis e ataques em áreas de ajuda humanitária.
Na última semana, a África do Sul apresentou nova petição contra Israel na Corte Internacional, afirmando que o governo Netanyahu elevou o confronto a “uma nova e horrenda fase”. Israel segue alegando que suas ações respeitam leis internacionais.
Os movimentos instigaram o Brasil a se envolver formalmente no processo que busca responsabilização de Israel pelo massacre promovido por suas forças. Além da assinatura da ação, o Brasil não deve aceitar a indicação de novo embaixador israelense e deve “manter as relações em níveis mínimos e ser muito severo no acordo de livre comércio, talvez até suspendê-lo”, segundo o ex-chanceler assessor para assuntos internacionais de Lula, Celso Amorim, em entrevista à Folha de S.Paulo.