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Perseguição

Jovem guarani é decapitado ao lado de carta com ameaça à comunidade indígena de terras retomadas no PR

Povo Avá Guarani tem sido alvo de violência desde julho de 2024; "nós vamos matar mais de vocês", diz trecho da carta

14.jul.2025 às 17h25
São Paulo (SP)
Gabriela Moncau
Jovem guarani é decapitado ao lado de carta com ameaça à comunidade indígena de terras retomadas no PR

Crianças Avá Guarani observam não indígenas em frente a TI Guasu Guavirá, no Paraná - Povo Avá Guarani

Um jovem indígena Avá Guarani de 21 anos, filho do cacique do Tekoha Yvyju Awary, foi assassinado e decapitado no último sábado (12), na cidade de Guaíra, no oeste do Paraná. O corpo de Everton Lopes Rodrigues foi abandonado em um milharal na entrada da aldeia. Ao lado de sua cabeça, foi encontrada uma carta com ameaças às comunidades indígenas que lutam pela retomada de seus territórios na região. 

A carta assinada por “Bonde 06 do N.C.S.O” reproduz discursos veiculados pelo agronegócio e pela imprensa da região, se referindo aos indígenas como paraguaios e vinculando as vítimas ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

O povo Avá Guarani do Paraná, alvo de uma série de ataques de pistoleiros desde julho de 2024, quando iniciaram a nova onda de retomada na Terra Indígena (TI) Guasu Guavirá, denuncia a narrativa como xenofóbica. Para eles, o objetivo é criminalizar uma luta legítima pela reocupação de terras tradicionais das quais foram expulsos. Em janeiro deste ano, a comunidade de Yvy Okaju fez uma live de quase uma hora rebatendo uma reportagem da Record que trazia esse conteúdo discriminatório.

A carta deixada ao lado do corpo de Everton diz, ainda, que estão dispostos a “eliminar qualquer um que atravessar o nosso caminho”. “Se vocês não desocupar (sic) as terras recém invadidas, nós vamos matar mais de vocês, iremos invadir as aldeias já existentes, atacaremos os ônibus com vossas crianças dentro, queimaremos vivos. Não é uma ameaça vazia, mas, sim, recheada com ódio”, diz trecho do documento.

Escrita à mão em duas folhas de caderno, a carta afirma que o próximo ataque será contra a Força Nacional, efetivo do governo federal deslocado para a região desde o acirramento do conflito por terra. “Nós avisou (sic) porque nós somos bandido, mas não covarde. Aguarde o próximo capítulo. Vão ter que andar de blindado”. 

O clima entre os Avá Guarani é de “muita insegurança e muitas perguntas”, relatou Josiel*, uma das lideranças indígenas. Em estado de choque, aguardam a liberação do corpo de Everton do Instituto Médico Legal (IML). Segundo informação dada aos indígenas, o jovem teria sido morto com arma de fogo. 

Indígenas e indigenistas do oeste do Paraná ouvidos pela reportagem do Brasil de Fato afirmam nunca terem ouvido falar de uma facção chamada Bonde 06 do N.C.S.O. 

“As investigações têm que acontecer. Durante esses anos de retomadas, temos sido vítimas de milícias contratadas pelo agronegócio. Não entendo porque um grupo de crime organizado faria uma emboscada no meio da madrugada esperando um indígena passar para fazer uma decapitação”, destaca Antônia*, outra liderança Avá Guarani.

“Uma pista relevante é que este recado menciona as retomadas”, destaca Josiel. “Como desestabilizar uma comunidade inteira? Ameaçando ônibus escolar, ataque às aldeias. As mães estão com medo de mandar seus filhos para a escola, trabalhadores e trabalhadoras com medo de sair no meio da madrugada para pegar o ônibus, as comunidades com medo de dormir à noite”, relata. 

Carta de ameaça encontrada ao lado do corpo do indígena Everton Lopes Rodrigues | Divulgação

Carta reivindica autoria de outra morte

É a segunda decapitação de um Avá Guarani neste ano. Em 22 de março, Marcelo Ortiz, de 33 anos, foi encontrado morto com a cabeça desmembrada do corpo, em uma estrada rural de Guaíra. Apelidado de Ku’i, ele era um trabalhador e morador do Tekoha Jevy, que também faz parte da TI Guasu Guavirá. 

No dia seguinte ao crime, a Polícia Federal prendeu três indígenas, suspeitos de terem cometido o crime. A investigação apontou que a causa teria sido “um sério desentendimento” e afastou qualquer relação com conflito fundiário. 

Na carta encontrada no último sábado (12), ao lado de Everton, os criminosos reivindicam a autoria do homicídio anterior. “Tivemos que repetir a cena porque da outra vez não conseguimos deixar o recado. Marcelo foi morto por nós”.  

Em nota publicada nesta segunda-feira (14), o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Sul pontua ser “de extrema urgência que as autoridades competentes investiguem as ameaças contidas no bilhete encontrado junto ao corpo do jovem Avá-Guarani, que revelam novas intimidações, e implementem medidas eficazes para coibir tais atos”.

Procuradas pela reportagem, a Polícia Federal (PF) e a Polícia Civil do Paraná informam que acompanham, “desde as primeiras horas do último sábado, os desdobramentos do evento ocorrido” e que “diligências investigativas estão em curso”. 

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) também declarou estar acompanhando o caso desde o início, “a fim de assegurar a proteção das lideranças e das comunidades ameaçadas, bem como acompanhar as investigações para que este crime não permaneça impune”. No Paraná, 19 lideranças Avá Guarani fazem parte do  Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH).

Terra Indígena Guasu Guavirá

O Tekoha Yvyju Awary, onde Everton foi encontrado, pertence à TI Guasu Guavirá que, sobreposta por 165 fazendas, já teve seus 24 mil hectares identificados e delimitados pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), em 2018. Desde então, no entanto, o processo demarcatório está parado por conta de uma ação impetrada pelas prefeituras de Guaíra (PR) e Terra Roxa (PR), e acatada pela Justiça Federal em primeira instância. 

Para que o processo caminhe, é preciso que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue as ações que questionam a constitucionalidade do Marco Temporal, aprovado pelo Congresso Nacional em setembro de 2023.

Confinados em pequenas áreas ou vivendo em territórios retomados, os Avá Guarani pressionam pela reocupação e demarcação de suas terras no Oeste do Paraná. Desde julho de 2024, quando os indígenas retomaram parte de seu território, a violência escalou na região e a cidade de Guaíra (PR) se tornou o centro do conflito.

Neste município, que faz fronteira com o Paraguai, um acampamento de não indígenas foi montado próximo à retomada Yvy Okaju. A aldeia, alvo de diversos ataques armados, já teve 12 de seus moradores alvejados. Entre eles, uma criança e um jovem.

Em março de 2025, a Itaipu Binacional assinou um acordo com a União, a Funai e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para adquirir três mil dos 24 mil hectares que compõem a TI Guasu Guavirá. A iniciativa, que prevê o repasse de R$ 240 milhões para a compra de áreas atualmente em disputa judicial, é uma forma de reparação pela expulsão dos indígenas de suas terras durante a construção da hidrelétrica. 

A aquisição das terras, no entanto, ainda não ocorreu. O Incra deve apresentar uma avaliação das áreas indicadas pelos Avá Guarani e pela Funai para que, a partir daí, comecem audiências da Justiça com os proprietários para a negociação das compras. 

*Nomes alterados para a preservação e segurança dos envolvidos

Editado por: Maria Teresa Cruz
Tags: terra indígenaviolência no campo
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