As novas tarifas dos Estados Unidos, que chegaram a 30% para União Europeia e México e, no caso brasileiro, podem alcançar 50% a partir de 1º de agosto, representam uma arma política, e não econômica, para o presidente Donald Trump, analisa o professor de Relações Internacionais Gilberto Maringoni. “Trump está recorrendo ao recurso usual na história americana, com outro sentido. Ele começa o governo dizendo que era para reindustrializar o país, e agora está usando como um mecanismo punitivo. É uma espécie de chicote: ‘Se você não se comportar, eu te ponho de castigo’”, afirma.
Segundo Maringoni, entrevistado no Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, a escalada contra o Brasil mira diretamente a articulação dentro do Brics para reduzir o uso do dólar e se soma ao que caracteriza como “cambalacho jurídico” da família Bolsonaro para obter anistia. “Essa situação, esse exagero na tarifação está desmoralizando politicamente o governo americano”, avalia, lembrando que um senador republicano já defende sobretaxas de até 500%.
Internamente, a medida também tende a enfraquecer a extrema direita brasileira, sobretudo no agronegócio, principal afetado pela barreira. “As tarifas de Trump são coisa de mafioso”, crava o professor, citando o editorial recente do Estadão.
Maringoni alerta ainda para o efeito bumerangue nos Estados Unidos, com altas no preço do suco de laranja e do café, produtos em que o Brasil detém grande parte do mercado estadunidense. “Isso não está levando em conta os impactos internos nos Estados Unidos”, diz, prevendo desgaste político para Trump caso o tarifaço torne o café da manhã dos eleitores mais caro.
No Brasil, o governo tenta transformar o ataque em coesão nacional. Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) articula apoio do empresariado para resistir, movimentos populares já ensaiam mobilizações em defesa da soberania. “Caiu no colo do presidente Lula um sentimento de proteção nacional. […] O governo, diante da ameaça do Trump, tem se comportado bem, não está cedendo”, analisa.
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O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.
