O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, confirmou nesta quinta-feira (24) que a petroleira estadunidense Chevron recebeu autorização da Casa Branca para seguir extraindo petróleo em território venezuelano. Segundo o mandatário, a informação foi passada pela gestão de Donald Trump à ministra do Petróleo e vice-presidente, Delcy Rodríguez.
A notícia havia sido publicada pelo Wall Street Journal. Segundo a publicação, o acordo foi firmado depois da troca entre os 252 venezuelanos que estavam em El Salvador e os 10 estadunidenses que estavam presos na Venezuela por participarem de planos golpistas no país caribenho.
Segundo o mandatário venezuelano, já há um trabalho para que a companhia estadunidense volte a operar nos poços do país.
“Como sempre dissemos a todas as empresas internacionais, elas são bem-vindas para trabalhar na Venezuela. Durante esses meses, enquanto a chantagem continuava, a atividade petrolífera da Venezuela cresceu 12%, sem a necessidade de licenças. Já existem grupos de trabalho para garantir que a Chevron possa retornar às suas funções e trabalhar com base na legalidade; ela é bem-vinda na Venezuela”, disse.
A empresa tinha uma licença para atuar na Venezuela, mas esse documento expirou em 27 de maio e a Casa Branca não renovou a autorização. Responsável por produzir e comercializar cerca de 220 mil barris de petróleo diários na Venezuela, ao menos 20% do petróleo venezuelano, a Chevron garantia ao governo do país uma entrada de dólares significativa em meio a um forte bloqueio que impedia ao país vender seu principal produto para o mercado internacional.
A Chevron também trabalha em conjunto com a estatal petroleira venezuelana PDVSA na produção de barris. Um desses casos é a Petroindependência, empresa mista que pertence majoritariamente à PDVSA (60%), mas tem participação de 34% da Chevron. De acordo com a lei de hidrocarbonetos da Venezuela, as empresas mistas devem pagar 33% de royalties para a PDVSA e 50% de imposto de renda para o Estado.
A empresa estadunidense tem participação também em outras três empresas mistas nas quais ela é sócia minoritária da estatal venezuelana PDVSA: Petropiar, Petroboscán e Petroindependiente.
Engenheiros da PDVSA ouvidos pelo Brasil de Fato afirmam que a Chevron facilitava a entrada do petróleo venezuelano no mercado dos EUA, mas ainda assim é possível manter a média de 1 milhão de barris diários e vender para outros mercados. Isso porque a maioria dos que trabalhavam nas equipes da Chevron são venezuelanos e que podem manter as operações por terem conhecimento da estrutura.
No começo de julho, Rodríguez havia afirmado que empresas internacionais continuavam extraindo petróleo no país. Segundo a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), em junho, a produção de petróleo venezuelana atingiu 1.069.000 barris por dia.
“Neste momento, a Chevron está em plena produção. Neste momento, os campos da Eni estão em plena produção. Neste momento, os campos da Repsol estão em plena produção”, afirmou a vice-presidente venezuelana.
A saída da Chevron foi anunciada por Trump em fevereiro. A empresa então teria 30 dias para encerrar suas atividades no país. Os impactos econômicos para Caracas não estão claros e ainda são difíceis de ser calculados. Considerando os valores do barril de petróleo desta terça-feira (3), a Venezuela deixará de receber US$ 13,8 milhões (R$ 78,6 milhões) por dia só com a saída da Chevron.
A Casa Branca também proibiu que qualquer companhia faça negócios com o setor petroleiro venezuelano, ameaçando novas sanções para quem entrasse no mercado do país caribenho. No tarifaço anunciado em abril, o presidente Donald Trump também determinou taxações de 25% para os países que comprassem petróleo da Venezuela.