O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou nesta segunda-feira (4) que “não pode haver vencedores em uma guerra nuclear” e pediu “cautela em relação à retórica nuclear”. A fala aconteceu no contexto da declaração do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a implantação de submarinos nucleares em “regiões relevantes” ligadas à Rússia. Ele não especificou quais regiões seriam essas.
A declaração de Trump sobre os submarinos nucleares surgiu em meio a uma troca de farpas entre o presidente estadunidense e o vice-chefe do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, que havia criticado as ameaças de tarifas contra a Índia por comprar petróleo russo.
Ao comentar as declarações inflamadas, o porta-voz do presidente russo, Vladimir Putin, adotou um tom de cautela e rechaçou que esteja havendo uma escalada entre os dois países.
“Não pode haver vencedores em uma guerra nuclear. Este é provavelmente o principal postulado do qual partimos. Não acreditamos que estejamos falando de algum tipo de escalada”, disse Peskov.
De acordo com ele, o Kremlin “não gostaria de ser arrastado de forma alguma” para uma disputa com os Estados Unidos sobre ameaças nucleares.
“A Rússia está muito atenta à questão da não proliferação nuclear e acreditamos que todos devem ter muito cuidado com a retórica nuclear”, acrescentou o porta-voz do Kremlin a repórteres.
Ao mesmo tempo, Dmitry Peskov comentou o fato de que as ásperas declarações de Donald Trump foram causadas pelo ex-presidente russo e atual vice-chefe do Conselho de Segurança da Rússia. Nesse sentido, o porta-voz reforçou que quem formula a política externa e faz declarações correspondentes é o presidente Vladimir Putin e é preciso se concentrar na sua posição.
Após Dmitry Medvedev ter criticado a política tarifária de Trump, o presidente dos EUA respondeu chamando-o de “ex-presidente fracassado” e dizendo para ele ter “cuidado com o que diz”. Medvedev fez mais um comentário se referindo ao sistema russo de ataque nuclear retaliatório massivo. Depois disso, Trump anunciou que enviaria dois submarinos nucleares para “regiões relevantes” devido às declarações provocativas de Medvedev.
Prazo de ultimato de Trump se aproxima do fim
Nesta semana termina o prazo do ultimato dos EUA contra Moscou. Donald Trump havia afirmado que se a Rússia não demonstrasse avanços de paz na Ucrânia, os EUA iriam aplicar sanções, aplicando tarifas contra países que compram petróleo russo.
Ao comentar a visita do enviado especial de Donald Trump, o porta-voz do Kremlin não descartou a possibilidade de um encontro entre Putin e o enviado Steve Witkoff durante esta semana.
“O diálogo continua, os EUA continuam os seus esforços de mediação em busca de uma forma de resolver a questão ucraniana. Estes esforços são muito importantes, incluindo no contexto do processo em curso de negociações diretas entre a Rússia e a Ucrânia. O trabalho continua, e continuamos empenhados na ideia de que a solução preferida para nós, claro, é resolver o problema ucraniano através de meios políticos e diplomáticos”, completou Peskov.