A Polícia Civil da Bahia prendeu um dos seis suspeitos de assassinar a líder quilombola Mãe Bernadete, na manhã desta sexta-feira (12), em Simões Filho (BA), na Região Metropolitana de Salvador. Outros quatro já haviam sido presos e outro segue foragido.
Josevan Dionisio dos Santos, conhecido como “BZ” ou “Buzuim”, foi preso após ser perseguido pela polícia e manter a companheira e os dois filhos como reféns. As vítimas foram libertadas sem ferimentos. Com o suspeito, foi apreendida uma pistola calibre 9 mm, de fabricação turca, com a numeração raspada.
Apontado como um dos envolvidos no assassinato de Mãe Bernadete, Santos também é investigado por fazer parte de um grupo criminoso na região envolvido com roubos, tráfico de drogas e homicídios. Ele era procurado desde o ano passado. Após ser preso, ele foi conduzido até a sede do Departamento de Repressão e Combate ao Narcotráfico (Denarc) e passou por exames legais.
O filho de Mãe Bernadete celebrou a prisão, mas cobrou respostas sobre os mandantes do crime. “Isso é a ponta do iceberg. Tem que prender os mandantes. Quem mandou matar Mãe Bernadete e Binho do Quilombo?”, questionou Jurandir Pacífico em entrevista à TV Bahia.
Até o momento, um suspeito está foragido e cinco já foram presos: Arielson da Conceição Santos, Sérgio Ferreira de Jesus, Josevan Dionísio dos Santos, Ydney Carlos dos Santos de Jesus e Carlos Conceição Santiago.
De acordo com as investigações da Polícia Civil baiana, a líder quilombola Mãe Bernadete Pacífico foi assassinada após entrar em conflito com interesses do tráfico de drogas no território.
O promotor de Justiça Luiz Neto, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco) do Ministério Público da Bahia (MP-BA) frisou que as investigações trouxeram farta comprovação de que “Mãe Bernadete morreu porque lutava contra o tráfico de drogas na região”.
Mãe Bernadete foi morta no dia 17 de agosto, em sua casa no quilombo Pitanga dos Palmares. A denúncia oferecida pelo MP-BA aponta que ela foi alvejada por 25 disparos. No momento do crime, ela estava acompanhada de seus três netos, de 12, 13 e 18 anos. Mãe Bernadete era coordenadora da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq), além de ser uma liderança respeitada em seu território.
A história do quilombo remonta ao século XIX, e há décadas vem resistindo ao avanço não só do tráfico sobre o território, mas também de grandes empreendimentos públicos e privados que geram uma forte especulação imobiliária. Em 2017, o filho da liderança, Gabriel Pacífico também foi assassinado em um atentado.