*Artigo escrito por Vereadora Professora Josete
“As escolas devem reconhecer e valorizar a IGUALDADE DE GÊNERO e combater as diferentes formas de discriminação e manifestação de preconceito que hierarquizam meninas e meninos, homens e mulheres”.
Para você, existe algum problema neste texto?
Para parte das vereadoras e dos vereadores de Curitiba, a frase, que é um trecho da Resolução de número 1/2024 do Conselho Nacional de Educação, não está correta e foi motivo de uma “nota de repúdio”.
Para esses parlamentares, que se auto-definem conservadores, o texto representa uma ameaça às nossas crianças por “incentivar” o que eles chamam de “ideologia gênero” nas escolas.
Vale dizer que muitos (as) vereadores (as) se ausentaram do debate na hora da votação, com medo de se indispor com eleitores diante de um tema que para alguns pode parecer “polêmico”.
Afinal, como eles – e elas – querem acabar com a desigualdade entre homens e mulheres? Seria deixando as coisas acontecerem ao natural, como se o tempo fosse capaz de “curar” as contradições da nossa sociedade?
Então a escola não deve fazer nada para combater essa realidade?
Essas perguntas nos remetem à célebre pergunta do poeta e pensador alemão, Bertold Brecht: “que tempos são esses que precisamos defender o óbvio”?
Esse povo “não aceita” a orientação do Conselho Nacional de Educação não é porque esse problema não existe, eles nem chegaram “lá”.
No momento estão mais preocupados em tentar “desqualificar” o oponente político, ainda que isso seja feito em nome da perpetuação do machismo.
Vale dizer que a Resolução não trata de conteúdos a serem ministrados com as crianças, mas diretrizes para que as (os) educadoras (es) tenham em mente a importância desta discussão no dia a dia escolar.
*Professora da rede municipal aposentada, Josete Dubiaski da Silva, Professora Josete, como é mais conhecida, está no seu quinto mandato como vereadora de Curitiba. Atualmente é presidenta da Frente Parlamentar de Segurança Alimentar e vice-presidenta da Comissão de Educação, Turismo, Esporte e Lazer. Eleita vereadora pelo PT em 2004 e reeleita em 2008, 2012, 2016 e 2020.
**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.