Faleceu, na tarde desta quinta-feira (10), a comunicadora Manina Aguiar. Formada em direito na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), ela dedicou à vida às lutas pelos direitos das mulheres, das crianças e adolescentes e da democratização da comunicação, bandeiras que ela empunhou mesmo quando já não tinha mais forças. Manina estava com 61 anos. Não deixa filhos, mas irmãs e irmãos, além de um legado de centenas de jovens comunicadores e defensores de Direitos Humanos em Pernambuco.
Nascida em Jaboatão dos Guararapes, Manina integrava o Centro das Mulheres do Cabo (CMC), organização que atua há 40 anos no Cabo de Santo Agostinho. Competente e extremamente dedicada ao trabalho, Aguiar uniu as suas bandeiras de luta à sua paixão pela comunicação popular. Há 30 anos ela apresentava o programa Rádio Mulher, atualmente na rádio comunitária Calheta 98,5 FM, no Cabo. Também foi âncora no programa Fora da Curva, na Rádio Universitária Recife. Manina é fundadora da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraço) e da Amarc (Associação Mundial de Rádios Comunitárias).
Em 2020, Manina descobriu que estava com câncer de útero e ovário. Chegou a iniciar o tratamento, mas não estava disposta a abrir mão de dedicar todos os dias ao que mais gostava: fazer comunicação em defesa das mulheres, das crianças e adolescentes. Dedicou toda a sua energia ao que acreditava ser o caminho para construir um mundo melhor e mais justo para todas e todos. Reservada, evitava render conversas sobre a doença, que avançava e lhe causava dores cada vez mais intensas. Falar de si não era prioridade.
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Assista a Manina Aguiar à frente do programa Fora da Curva
A saúde frágil não a impediu de participar dos atos em defesa das mulheres e meninas no mês de março e nem de seguir apresentando os programas de TV e rádio até maio – quando decidiu se afastar das atividades diárias. Mesmo debilitada, nas últimas semanas Manina seguia sugerindo pautas para os programas Rádio Mulher e TV Direitos Humanos (na TV Pernambuco). Até visitou o Centro das Mulheres do Cabo em duas ocasiões. Além do profissionalismo, seu carisma e cuidado com os próximos marcaram a todos com quem conviveu.
Há poucos dias foi levada ao Hospital do Câncer de Pernambuco (HCP), onde viria a falecer, por volta das 13h30 desta quinta-feira (10). Seu corpo será velado no cemitério Memorial Guararapes, no bairro de Jardim Jordão (Jaboatão). O horário ainda será divulgado pela família e pelo Centro das Mulheres do Cabo.
Pronunciamentos
Em nota publicada nas redes sociais, o Centro das Mulheres do Cabo destacou os 20 anos de caminhada de Manina ao lado das cabenses, descrevendo a liderança como “aguerrida”. “Nós estamos despedaçadas com sua partida, mas queremos agradecer por todo o seu legado e dedicação. (…) Manina foi e será sempre lembrada por sua grandeza de alma e sua solidariedade com todas as pessoas que tiveram o privilégio de conviver com ela. Gratidão por tua vida e por ter cruzado os nossos caminhos. Nós te amaremos para sempre!”, diz o texto assinado pelas mulheres.
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A Rádio Calheta FM também divulgou uma nota de pesar. “Os microfones do nosso estúdio perderam sua grande companhia, mas seu legado permanece forte em nossas memórias”. O jornalista Ivan Moraes, militante por direitos humanos e colega de Manina em diversas frentes de luta, disse estar “sem chão”. “Baluarte da comunicação independente, Manina ficou muito conhecida por seu personagem Maria Fuxico”, disse ele, destacando sua atuação como educomunicadora. “Manina contaminava todo mundo com sua alegria e seu alto astral. (…) Só consigo lembrar do seu rosto sorridente e da forma sempre carinhosa com que falava com todo mundo”, escreveu Moraes.
Autoridades públicas também se pronunciaram. A senadora Teresa Leitão (PT), destacou a atuação comprometida de Manina junto às mulheres do Cabo de Santo Agostinho. “Teve uma trajetória de luta pela comunicação comunitária, pelas mulheres e pelos direitos humanos”. A deputada estadual Gleide Ângelo (PSB) disse que a morte de manina é uma “perda para a luta das mulheres”. “Sua alegria, força e luta são um legado que ninguém apagará”, afirma a parlamentar.
O prefeito do Cabo de Santo Agostinho também divulgou uma nota lamentando a partida da “grande mulher, que se dedicou à defesa dos direitos humanos, das crianças, mulheres e jovens”. A vereadora Gabi Jerônimo (PT do Cabo), destacou Manina como “mulher corajosa, ativista incansável e amiga querida”. “Sua partida deixa uma vazio imenso em todos nós que tivemos o privilégio de conviver com sua força, sensibilidade e compromisso com as causas sociais. Hoje choramos a perda não só de uma grande mulher, mas de um exemplo de humanidade e resistência”, escreve a vereadora.
