A Rússia anunciou nesta segunda-feira (4) a suspensão da moratória à implantação de mísseis de curto e médio alcance, e, nesta terça (5), o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que Moscou se considera no direito de tomar medidas para implantar mísseis terrestres de médio e curto alcance se necessário.
“A Rússia não tem mais restrições sobre este assunto. A Rússia não se considera mais limitada de forma alguma. Consequentemente, a Rússia se considera no direito de tomar as medidas apropriadas, se necessário”, disse Peskov.
No anúncio de segunda, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia alegou que as condições para a manutenção das restrições unilaterais sobre a implantação de mísseis não existiam mais, citando a retirada unilateral dos EUA do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), em 2019, feita por iniciativa do presidente Donald Trump ao fim do seu primeiro mandato.
Na ocasião, Trump justificou a saída do tratado acusando Moscou de violar disposições do acordo, o que foi negado pelo Kremlin. Em seguida, Moscou também se retirou do tratado, mas anunciou uma “moratória voluntária” de não implantar tais armamentos, com a condição de que a Otan e os EUA também cumprissem com isto.
De acordo com a chancelaria russa, durante os últimos anos Moscou manteve a sua contenção e não respondeu simetricamente, se comprometendo voluntariamente a não implantar mísseis de curto e médio alcance até que armas americanas semelhantes surgissem em determinadas regiões.
Assim, a diplomacia russa argumenta que esses esforços não foram correspondidos e os países ocidentais começaram a implantar suas armas e as iniciativas russas permaneceram sem resposta.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores russo, nos últimos anos vem aumentando a implantação efetiva de mísseis de fabricação dos EUA na Europa e na região da Ásia-Pacífico, e potenciais de mísseis estão sendo formados e expandidos em regiões adjacentes à Rússia, o que, segundo Moscou, representa uma ameaça à segurança do país e cria tensões perigosas entre potências nucleares.
O vice-chefe do Conselho de Segurança e ex-presidente russo, Dmitry Medvedev, classificou a decisão de suspender a moratória sobre a implantação de mísseis de médio e curto alcance como resultado da “política anti-russa dos países da OTAN”. Segundo ele, os “opositores” da Rússia terão que lidar com a “nova realidade”.