O iFood anunciou que entre abril deste ano e março de 2026 terá investido R$ 17 bilhões no “crescimento do ecossistema” da própria empresa. Questionado pelo Brasil de Fato sobre o montante que será destinado à melhoria das condições de trabalho dos entregadores, o CEO da empresa, Diego Barreto, afirmou que deste total de investimentos, existe uma parcela “muito relevante” que “perfaz quase R$ 1 bilhão de investimento em proteção e infraestrutura”. O valor equivale a 5,88% do total.
Durante coletiva de imprensa no iFood Move, megaevento da plataforma voltado a empresas e donos de restaurantes, Barreto declarou que o aumento dos pontos de apoio – locais para que os trabalhadores possam beber água, usar o banheiro e carregar o celular – “é um exemplo do principal investimento” que será feito neste sentido.
“A gente já tem hoje centenas de pontos de apoio, pretende dobrar ao longo dos próximos 12 meses”, afirmou o CEO da gigante do delivery. No portal do entregador do iFood, no entanto, constam 22 pontos de apoio da própria empresa espalhados pelo país. As pouco mais de duas dezenas de unidades é a estrutura que existe para dar conta de 400 mil entregadores que, de acordo com a plataforma, estão atualmente cadastrados no aplicativo.
“Centenas de pontos de apoio? Mentira”, ressaltou o entregador conhecido como Rocildo Motoboy, em um vídeo em que trabalhadores de app foram convidados pelo Brasil de Fato a reagir às declarações do presidente do iFood (assista abaixo).
“Eu estou aqui em Sorocaba num ponto de apoio de parceria público-privada. Nada de iFood. Cadê? Aí faz um monte de ponto de apoio em São Paulo. E no Norte? Cadê a proteção dos entregadores? A gente tem entregador aqui em Sorocaba machucado por acidente de trabalho que nem recebeu os R$ 1,5 mil que o iFood promete que dá”, relatou Rocildo.
De acordo com o iFood, os R$ 17 bilhões anunciados serão destinados, prioritariamente, em “tecnologia e inovação”, com “ações para impulsionar o tráfego na plataforma, aumentar a recorrência de compras no aplicativo e ampliar os segmentos de atuação da empresa”.
Atualmente a plataforma desenvolve 190 modelos próprios de Inteligência Artificial (IA) e pretende contratar mais 600 profissionais da área. Durante o iFood Move, Diego Barreto apresentou “a Cris”, um agente de IA voltado para auxiliar donos de restaurantes nas análises das vendas, demandas e promoções.
Perguntado mais uma vez, desta vez por meio da assessoria de imprensa, sobre valores voltados para melhorar as condições laborais dos entregadores, o iFood informou que a expansão da empresa vai gerar mais pedidos e, por consequência, os entregadores serão beneficiados.
Sem detalhar como o cálculo foi feito, a empresa afirmou em nota que “com o total investido”, “o iFood estima um crescimento em pedidos que, adicionalmente, irá gerar R$ 5,2 bilhões em repasses para entregadores”.
Entre as pautas históricas dos breques, os trabalhadores reivindicam o aumento da taxa mínima por corrida de R$ 7,50 para R$ 10. Esta demanda não foi comentada pela empresa.
“Os entregadores também serão alcançados com melhorias logísticas, antecipação dos repasses sem custos, e ações de Impacto Social, como seguros gratuitos, Central de Apoio Jurídico e Psicológico, projetos de educação e capacitação, como o Meu Diploma do Ensino Médio e iFood Decola, além de um programa de recompensas que inclui ganhos extras, descontos e serviços gratuitos”, disse o iFood em nota.