A privatização da Linha-7 Rubi da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), vinculada ao governo de São Paulo, tem gerado preocupação sobre os efeitos na mobilidade urbana na capital do estado. Em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, a presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Camila Lisboa, destaca os problemas decorrentes das mudanças e critica o foco no lucro, em detrimento das necessidades da população.
A concessionária TIC Trens assumiu nesta segunda-feira (25), com supervisão da CPTM, a operação da Linha 7-Rubi do metrô de SP. Com isso, o Serviço 710 (que unia as linhas 7-Rubi e 10-Turquesa) foi encerrado, e a Linha 7-Rubi passou a operar apenas entre Jundiaí e Palmeiras-Barra Funda. O fim do serviço deve afetar até 200 mil usuários, segundo o sindicato. A empresa assumirá a operação integral e definitiva em 26 de novembro, com concessão de 30 anos.
“Hoje, o que vimos foram as plataformas lotadas na estação Barra Funda, porque naquela estação tem a Linha-3 Vermelha, a Linha-8 Diamante, a Linha-7 [Rubi], e vai se estender para a Linha-11 Coral, que é uma alternativa que está sendo buscada para reparar o fim do Serviço 710. Tudo isso está sendo causado por que? Porque a empresa TIC Trens, assim como o Grupo CCR [que administra atualmente as linhas 8 Diamante e 9 Esmeralda], ao assumir esse tipo de serviço, não está pensando na necessidade da população, está pensando no seu lucro”, critica Lisboa.
A sindicalista lembra que a experiência das linhas privatizadas até então já mostrou atrasos, descarrilamentos e serviços voltados para o lucro, e não para os passageiros. “Isso é também outra demonstração de como o critério do lucro passa por cima da necessidade das pessoas, porque a verdade é que o sistema de transporte sobre trilhos é, ou deveria ser, um sistema todo integrado, (…) mas, infelizmente, o objetivo de lucro quebra a integração do sistema”, lamenta.
Caos na cidade
Lisboa alerta ainda para os efeitos da expansão urbana desordenada e da especulação imobiliária. “A presença de estações, de metrô e trem também geram especulação imobiliária muito grande. (…) Tudo isso é toda uma receita para gerar situações de caos para quem utiliza o serviço público, no caso o transporte sobre trilhos, mas também gerar situação de caos na cidade”, indica.
“É lamentável que o governo Tarcísio [de Freitas (Republicanos)] priorize atender o lucro desses pequenos grupos que estão interessados em ficar bilionários com a concessão do transporte sobre trilhos, em detrimento da necessidade da população, que precisa de mobilidade urbana, que precisa de transporte rápido, seguro, barato, para poder se locomover pela cidade”, pontua.
A reportagem do Brasil de Fato solicitou posicionamentos à TIC Trens, à CCR e ao governo do estado, mas não houve retorno. O espaço segue aberto às manifestações.
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