O Dia Nacional da Educação Infantil, celebrado nesta segunda-feira (25), evidencia desafios históricos do país na área educacional, especialmente na primeira infância, na visão do professor Daniel Cara, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). Em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, ele indica que a educação infantil é central para o desenvolvimento cognitivo e social das crianças, mas enfrenta subfinanciamento.
“A creche, a etapa da educação infantil como um todo, é central para o desenvolvimento do estudante, para o desenvolvimento inclusive cognitivo, social. É importante frisar que na educação infantil a prioridade é o brincar e, dessa maneira divertida, começar a ir aprendendo coisas por meio de uma mediação muito bem realizada pelas educadoras e pelos educadores da educação infantil. Agora, qual é o problema? A educação infantil é a etapa que menos recebe recursos, porém a educação infantil é a que mais precisa de recursos”, destaca.
O especialista também critica o ritmo lento de implementação das políticas educacionais no país e o impacto da atual composição do Congresso sobre o Plano Nacional de Educação (PNE). “Há uma enorme dificuldade. É importante reiterar que o Congresso Nacional brasileiro é muito pouco dedicado nesse momento a lidar com os temas realmente importantes para o país. É um Congresso que está essencialmente preocupado já com a eleição de 2026 e com a manutenção das emendas parlamentares, essa é a grande questão para o Congresso Nacional”, lamenta.
Cara ainda lembra que, historicamente, o Brasil tem avançado em termos de direitos e educação, mas esse avanço foi interrompido nos governos dos ex-presidentes Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL). “Com exceção dos governos Temer e Bolsonaro, e tem vários indicadores que provam isso, o Brasil é um país que sempre avançou em termos de expansão de direitos. Só que o problema é que esse avanço é muito lento”, frisa.
Para o professor, o Brasil perde oportunidades ao não investir adequadamente em educação. “O problema, que é desesperador, é que nesse avanço lento nós vamos perdendo gerações atrás de gerações de jovens. São gerações desperdiçadas porque são jovens que compunham um bônus demográfico”, explica.
“Não investir em educação significa colocar o futuro em risco em vários aspectos, inclusive em relação à sustentabilidade da previdência social. O segredo para um país é aproveitar o bônus demográfico que já desperdiçamos e fazer com que a renda per capita da população suba. E, para isso acontecer, é preciso ter emprego de qualidade. Emprego de qualidade exige investimento em educação”, alerta, por fim.
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