Caribe Soberano 200. Assim foi chamada a operação militar venezuelana que deslocou 22 aviões, 12 navios, 20 barcos da milícia bolivariana e 2,5 mil militares para a ilha de Orchila, no mar do Caribe. O ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, fez questão de deixar claro que os exercícios militares eram para confrontar as ameaças estrangeiras.
Nesta quinta-feira (18), as Forças Armadas venezuelanas anunciaram o segundo dia de exercícios. Segundo o ministro, as manobras também vão envolver drones subaquáticos, aéreos e de vigilância, além de forças especiais, de inteligência e aeroespaciais.
“Estamos nos preparando no terreno ante a ameaça militar que se levantou no Caribe contra a Venezuela. A Força Armada Nacional Bolivariana e tudo que corresponde à doutrina militar da Venezuela, orientada por Hugo Chávez e continuada por Nicolás Maduro, está de frente ao Caribe. Estamos aumentando a nossa preparação operacional”, disse o ministro.
Os exercícios militares são realizados em meio ao aumento da tensão promovida pelos EUA no sul do Caribe. Nesta semana, o presidente estadunidense, Donald Trump, afirmou que foram três embarcações abatidas pela operação militar promovida pelo seu governo para “combater o tráfico de drogas”. Ele, no entanto, apresentou apenas dois vídeos, e um deles foi questionado pelo governo venezuelano, que disse ter sido feito por Inteligência Artificial.
A tensão fez com que o governo venezuelano deslocasse mais militares para a fronteira com a Colômbia e para a costa do país.
De acordo com o ministro, a realização dos exercícios é parte de uma política promovida pelo governo chavista de pensar a defesa do território nacional tendo como base uma união cívico-militar.
“O povo, as Forças Armadas e a liderança política: tudo isso foi fortalecido nos últimos dias em resposta à ameaça militar estrangeira. Este exercício é uma dessas expressões: o envio de Unidades de Reação Rápida por todo o país, o trabalho que estamos realizando para combater o narcotráfico na parte ocidental da zona binacional com a Colômbia”, afirmou.
A Aviação Militar Bolivariana (AMB) divulgou, nesta semana, imagens de caças russos Sukhoi Su-30 equipados com mísseis antinavio.
Ainda nesta semana, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, deu uma entrevista coletiva afirmando que os EUA estão violando todas as leis e tratados internacionais, submetendo a Venezuela a uma “guerra multiforme” e a uma “ameaça imoral”. Segundo ele, o país está preparado não só militarmente, mas também em um sentimento popular de defesa da soberania e autodeterminação.
Maduro reforçou que os EUA estão tentando promover uma guerra na região, mas ainda não encontraram um pretexto para isso.
O Brasil de Fato ouviu de fontes do governo venezuelano que há uma preocupação de uma tentativa de incursão militar estadunidense, mas que um elemento importante dessa mobilização militar é a dissuasão de movimentos da extrema direita. A leitura era de que os EUA esperavam um apoio interno de setores conservadores da oposição para tentar algo, mas isso até agora não se concretizou.
O governo entende que há grupos insatisfeitos e que querem uma mudança de governo, mas que a maioria da população não está disposta a ter uma guerra no país ou uma mudança por meios militares.
A tensão aumentou no último sábado (13), quando o governo da Venezuela denunciou que um barco pesqueiro venezuelano, tripulado por nove pescadores de atum, foi atacado por fuzileiros navais, a bordo do navio destróier de mísseis da Marinha dos Estados Unidos, o USS “Jason Dunham” (DDG-109).
Segundo o comunicado do governo venezuelano, o ataque ocorreu a 48 milhas náuticas a nordeste da Ilha de La Blanquilla, localizada em águas pertencentes à Zona Econômica Exclusiva (ZEE) da Venezuela.
Até o momento, o governo venezuelano tem calculado com calma os passos diante da ofensiva estadunidense para questionar as ameaças, mas sem dar espaço para uma tentativa de ataques militares do governo de Donald Trump.
