O internacionalista Reginaldo Nasser, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), classificou como “um massacre” a nova ofensiva militar de Israel contra Gaza, em entrevista ao programa Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato. Para o professor, a escalada de violência já não pode ser descrita como um conflito, diante da assimetria de forças e da impossibilidade de fuga para os palestinos.
“Os palestinos já são duplamente refugiados e agora não têm nem essa opção porque estão cercados. É uma situação que eu nunca vi nada parecido na história. Não tem para onde fugir, não tem o que fazer. Não tem conflito. O Hamas não consegue resistir, não tem meios, não tem recursos. É um massacre, um cercamento”, afirma.
Nasser também critica a falta de respostas concretas da comunidade internacional. Segundo ele, o reconhecimento da Palestina como Estado por parte de países na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), previsto para a próxima semana, é apenas retórico. “Está havendo um genocídio. A questão não é ficar falando em dois Estados. A questão, neste momento, é um cessar-fogo, parar com as mortes. Reconhecer a Palestina agora não tem utilidade nenhuma, só serve para eximir os responsáveis”, diz.
Nasser declara que “jogaram a Convenção de Genebra no lixo, o Direito Internacional deixou de existir”. Na sua visão, “a ONU está desmoralizada e não tem força para impedir Israel e os Estados Unidos de fazerem o que estão fazendo.”
O professor destaca ainda a crise de representação nos países ocidentais, onde a mobilização popular em defesa da Palestina não encontra eco nos governos. “Esse divórcio entre as ruas e seus respectivos governos aumenta cada dia mais”, lamenta, lembrando que, no Reino Unido, o primeiro-ministro trabalhista mantém apoio irrestrito a Israel.
Ele também compara a violência em Gaza com outros episódios históricos, alertando que os ataques estabelecem um novo padrão internacional de ação militar e jurídica. “O que está acontecendo em Gaza não é só sobre Gaza. Assim como a Guerra Civil Espanhola prenunciou o nazismo, o massacre atual pode se tornar um modelo para outros conflitos no mundo”, alerta.
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