O 28º Congresso do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP) acontece entre esta quinta-feira (25) e sábado (27), em Serra Negra (SP), e trará debates sobre educação e propostas de um novo modelo de sindicalismo. A programação conta ainda a participação do ex-ministro José Dirceu (PT), do ministro do Trabalho Luiz Marinho e de especialistas em educação e tecnologia.
“Nós começaremos homenageando o Pepe Mujica [ex-presidente do Uruguai, morto em maio deste ano], porque ele tem um símbolo na luta pela democracia e soberania”, afirma a deputada estadual Professora Bebel (PT), segunda presidente da APEOESP, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato. Os debates também terão a presença de Andrea Iglesias, dirigente uruguaia do MPP, e Mónica Velázquez, deputada mexicana do Morena, partido da presidente Claudia Sheinbaum.
Segundo Bebel, o congresso vai propor uma horizontalização das lutas em defesa da escola pública, com uma maior participação da sociedade. “Eu não acredito mais que só professor fazendo uma coisa ou outra dá conta. É preciso construir políticas juntos, como assembleias populares que integrem pais, estudantes e trabalhadores em geral”, defende.
Ela considera que o evento será histórico. “Ele vai quebrar um ciclo de um desenho de sindicalismo e vai para outro. A APEOESP, que fez 80 anos em janeiro, é o maior sindicato da América Latina, com 186 mil sócios, e também tem uma marca na sociedade”, diz.
Críticas ao governo Tarcísio
Na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), a deputada Professora Bebel afirma que a defesa da educação tem enfrentado ataques diretos da gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). “O estado mais rico da nação não paga o piso salarial nacional, implantou escolas cívico-militares para empregar policiais aposentados e tenta acabar com a pesquisa científica. Além disso, quer vigiar alunos e professores por câmeras em sala de aula, o que fere a liberdade de cátedra”, critica.
A parlamentar avalia que as eleições de 2026 serão decisivas para a educação pública. “É nossa esperança que o povo lembre de tudo isso que está sendo feito e que não vote [em Tarcísio], pelo amor de Deus. Foram quatro anos de entrega do direito público, de matança e de ataques à educação e à ciência”, lamenta.
Disputa política e anistia
O congresso ocorre em um momento político marcado pelo debate sobre a anistia ou a redução de penas para os golpistas do 8 de janeiro de 2023 e a PEC da blindagem, que dificulta processos judiciais contra parlamentares. Para a presidente, “anistiar é tornar impune um crime de lesa-pátria. O filho do presidente [deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP)] ficar nos Estados Unidos articulando contra o Brasil é um absurdo. Tivemos uma resposta bonita nas ruas, mas a pauta do povo é outra: jornada justa de trabalho, isenção do imposto de renda para quem recebe até R$ 5 mil reais [mensais] e taxação das grandes riquezas”.
Para ouvir e assistir
O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira: a primeira às 9h e a segunda às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.