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Em discurso na cúpula do Mercosul, Bolsonaro pede “zelo” na indicação de embaixadores

Reunião aconteceu nesta quarta, na Argentina; entre medidas tomadas está o fim da cobrança de “roaming” internacional

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Além de Bolsonaro, compareceram ao evento Mauricio Macri (Argentina), Tabaré Vazquez (Uruguai) e Mario Abdo Benítez (Paraguai)
Além de Bolsonaro, compareceram ao evento Mauricio Macri (Argentina), Tabaré Vazquez (Uruguai) e Mario Abdo Benítez (Paraguai) - Foto: Stringer/AFP

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) participou nesta quarta-feira (17) da 54ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, que ocorreu na cidade de Santa Fé, na Argentina. Durante a reunião, o mandatário afirmou que o bloco deve ter “zelo” na indicação de embaixadores. 

“Compartilhamos aqui, entre nós, a visão de que para cumprir o seu papel de um motor do desenvolvimento, o nosso bloco deve concentrar-se em três áreas: as negociações externas, no zelo das indicações das embaixadas -- também sem mais o viés ideológico do passado--, e quem sabe um grande embaixador nos EUA brevemente. Então, focamos nisso, na nossa tarifa externa comum, em nossa reforma institucional”, disse. 

Embora tenha pedido rigor nas nomeações, o presidente brasileiro já formalizou a indicação de seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL/SP), para o cargo de embaixador em Washington. A decisão foi bastante criticada por diplomatas e parlamentares, que acusam o presidente de nepotismo e afirmam que Eduardo não possui nenhuma experiência diplomática.

Além de Bolsonaro, representando os países-membros do bloco, compareceram ao evento Mauricio Macri (Argentina), Tabaré Vazquez (Uruguai) e Mario Abdo Benítez (Paraguai). Chefes dos estados associados também participaram da cúpula, entre eles Sebastían Piñera (Chile) e Evo Morales (Bolívia). 

Bolsonaro assumiu a presidência temporária do bloco, que tem duração de seis meses. O presidente brasileiro afirmou que não pretende tornar o Mercosul um bloco economicamente forte. Segundo ele, o objetivo deve ser o de fortalecer cada um dos países integrantes.

“Ao assumir a presidência, recebi a economia do meu país um tanto quanto cambaleante. E nós sabemos que para a América do Sul é bom que o Brasil vá bem, assim como é bom que a Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile também vão muito bem [...] Não queremos a América do Sul como uma pátria grande, queremos que cada país tenha autonomia, democracia e que seja grande, como Trump fala”, disse. 

Isenção de “roaming”

Entre as medidas tomadas durante a reunião está o fim da cobrança de “roaming” internacional em serviços de telecomunicação entre os países do Mercosul. O “roaming” é a cobrança que ocorre quando uma pessoa utiliza serviços móveis fora da área de cobertura das operadoras. 

Atualmente, quando um brasileiro faz uma ligação a partir da Argentina, por exemplo, tarifas adicionais de “roaming” são cobradss. Agora, o custo extra deixará de valer entre os países do Mercosul. 

Bolsonaro parabenizou o bloco pela adoção da medida. “Realmente não tinha cabimento quem estava na faixa de fronteira ser taxado mais uma vez pelo uso do celular. Temos aí um exemplo da diferença para melhor que o Mercosul pode fazer no cotidiano do cidadão”. 

União Europeia

Entre os assuntos mais comentados durante a cúpula está o acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE), fechado no final de junho por representantes do bloco. Para valer, o pacto precisa ser aprovado pelos parlamentos dos países envolvidos.

Segundo Macri, o tratado representa “um sinal claro ao mundo de que o Mercosul é um bloco aberto, competitivo e dinâmico. Com regras de jogo claras para se investir e fazer negócios. O pacto vai permitir potencializar o comércio e os investimentos junto ao bloco mais importante do mundo. Isso irá impactar positivamente na qualidade de vida de nossa gente”. 

O presidente boliviano, Evo Morales, ressaltou que embora pactos como o firmado com o Mercosul sejam importantes, os países devem prezar pela autonomia da região e implementar políticas que favoreçam os mais pobres. 

“Tratados sempre devem estar orientados a resolver as demandas dos mais humildes. É importante implementar programas de política de complementaridade, de solidariedade e competitividade”. 

Em 2019 ocorrerão eleições na Argentina, Uruguai e Bolívia - o último apenas associado ao Mercosul. Levando em conta a possibilidade de uma mudança drástica de correlação de forças na região, os países irão esperar o resultado dos pleitos para firmar compromissos mais delicados. 

Outros quatro tratados devem entrar em discussão nos próximos meses, entre eles acordos com a Associação Europeia de Livre Comércio, Canadá, Coreia do Sul e Singapura.

Edição: Pedro Ribeiro Nogueira