Rio de Janeiro

EDUCAÇÃO

Comunidade acadêmica da UFF rejeita adesão ao projeto "Future-se"

Ao menos dez universidades federais do país se manifestaram contra o programa do MEC

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Programa "Future-se" foi apresentado pelo MEC um mês após o corte de verbas nas universidades federais
Programa "Future-se" foi apresentado pelo MEC um mês após o corte de verbas nas universidades federais - Divulgação/UFF

O Conselho Universitário da Universidade Federal Fluminense (UFF) decidiu, na última quarta-feira (4), rejeitar integralmente o programa “Future-se” do Ministério da Educação (MEC) para as instituições de ensino superior no país. O projeto do MEC torna as universidades públicas dependentes do investimento privado e foi anunciado um mês após o corte de verbas nas universidades federais. Com o bloqueio anunciado em maio, a UFF teve mais de R$52 milhões do orçamento de custeio cortados.

A UFF se soma a pelo menos dez universidades federais que já se manifestaram contra a adesão ao programa. Outras 19 instituições emitiram críticas ao “Future-se”, segundo um levantamento do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES). Em entrevista ao programa Brasil de Fato, Marina Tedesco, presidente da Associação de Docentes da UFF (ADUFF), falou que a decisão confirma de maneira unânime o posicionamento da comunidade formada por professores, estudantes e técnicos. 

“Nós avaliamos que a rejeição ao programa foi uma grande vitória. O ‘Future-se’ seria o fim de uma universidade pública baseada no tripé pesquisa, ensino e extensão e socialmente referenciada ao invés de servir simplesmente para formar mão de obra para o mercado e fazer pesquisas que interessassem o mercado. É também uma prova de democracia dentro da universidade nesses tempos em que a gente tem sofrido por parte do governo federal tantos ataques”, avalia a professora Marina Tedesco, da UFF.

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que teve mais de R$107 milhões do orçamento bloqueados, anunciou nesta quarta (4) que vai suspender serviços como transporte, telefonia e manutenção externa para poder manter as atividades. Em nota, a reitoria da UFRJ critica o “Future-se” alertando “riscos à nossa integridade administrativa, pedagógica, científica e patrimonial”. 

No sul do país, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que também rejeitou o “Future-se” em assembleia, decretou greve geral e suspensão do vestibular. Na moção aprovada pelo Conselho Universitário da UFSC, a instituição chama atenção para o corte de verbas, incertezas sobre os impactos do programa e falta de diálogo com o MEC. 

“Num contexto de medidas de bloqueio e drásticos cortes orçamentários ao qual estão submetidas as instituições federais de ensino superior e da absoluta ausência de diálogo para a propositura desse programa [Future-se], a análise do projeto de lei trouxe muitas incertezas quanto aos reais benefícios em prol da manutenção financeira de todo sistema universitário público e muitas dúvidas a respeito dos impactos acadêmicos que o programa pode trazer às instituições federais de ensino”, diz o texto.

Edição: Vivian Virissimo | Redação: Clívia Mesquita | Entrevista: Denise Viola