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Sua cidade é capital do quê?

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Em Piranguinhos (MG), estátua intitulada “O Pé de Moleque e o Povo”; cidade se considera a capital desse doce típico da festa de São João - Foto: Prefeitura de Piranguinhos
Interessante ver os títulos que algumas cidades se dão: Piranguinho (MG), a capital do pé de moleque

Nestes tempos de pandemia, em que ficamos sem jogos de futebol, andei me lembrando de um tempo “antigo”, em que o campeonato paulista era muito forte, tão disputado quanto o campeonato brasileiro atual.

Quando criança, a gente acompanhava os jogos pelo rádio, pois não havia televisão. E os locutores gostavam de dar títulos às cidades em que ocorriam os jogos.

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Quando iam transmitir jogos do Guarani ou da Ponte Preta, por exemplo, chamavam Campinas de “Cidade das Andorinhas”. Bauru era a “Cidade sem limites”. Araraquara era a “Morada do Sol”.

Piracicaba era a “Nova das Colinas”, e São Paulo era a “Cidade da Garoa”, mas falavam também, com orgulho, “A cidade que mais cresce no mundo”. 

Ah... E quando iam falar do Rio de Janeiro, logo vinha o epíteto “Cidade Maravilhosa”.

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Bom... Não se usa mais falar essas coisas. Mas hoje em dia as cidades gostam de se autodenominar capital de alguma coisa.

Acho interessante ver os títulos que algumas cidades se dão. Piranguinho, em Minas Gerais, é a “Capital do pé-de- moleque”. E não muito longe dela fica Lagoa Dourada, a “Capital do rocambole”. Juruaia, cidade vizinha à minha também em Minas Gerais, é a capital estadual da moda íntima, também chamada capital da lingerie. Ibitinga, no estado de São Paulo, é “Capital do bordado”, enquanto que a capital catarinense, Florianópolis, é “Capital da renda de bilro”.

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Em Minas Gerais ainda, tem Monte Sião, “Capital do tricô”, e Inconfidentes, “Capital do croché”. No estado de São Paulo tem a “Capital do lobisomem”, que é a cidade de Joanópolis. Alguns animais também têm suas capitais. Por exemplo: o jumento é disputado por Zabelê, na Paraíba, que se intitula “Capital do jegue”, e Alto Paraíso de Rondônia se diz “Capital do jerico”.

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Uauá, na Bahia, é “Capital do bode”, e a gaúcha Livramento é “Capital das ovelhas”. São centenas de capitais, não dá para falar de todas. Então cito só mais algumas que me atraem muito, como Arapiraca, em Alagoas, “Capital do fumo de corda”. Moita Bonita, em Sergipe, é “Capital da batata doce”; Serra Talhada, em Pernambuco, terra de Lampião, é “Capital do xaxado”, e duas cidades disputam o título de “Capital do quiabo”. São elas a sergipana Canindé do São Francisco e a mineira Paraopeba.

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Termino com Carlópolis, no Paraná, “Capital da goiaba de mesa”. Como a ministra Damares, da Mulher, Família e Direitos Humanos, é paranaense, pergunto: será que foi lá que ela viu Jesus numa goiabeira?

Edição: Lucas Weber