CONTRA-HEGEMONIA

Lula e Dilma defendem unidade do progressismo na América Latina contra extrema direita

Encontro do Grupo de Puebla reúne 150 líderes mundiais e termina nesta quarta-feira (1), no México

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |

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Ex-presidenta Dilma Rousseff participa do encontro do Grupo de Puebla ao lado do ex-presidente do Equador, Rafael Correa e José Luis Rodríguez Zapatero, ex-presidente do governo espanhol - Grupo de Puebla

O VII Encontro do Grupo de Puebla encerra nesta quarta-feira (1), na Cidade do México, após três dias de debate reunindo 150 lideranças da América Latina, Caribe e Europa. Pelo Brasil, o ex-presidente Lula da Silva enviou uma saudação, enquanto a ex-presidenta Dilma Rousseff participou presencialmente do evento que busca debater os desafios para a região latino-americana pós-pandemia.

“Nós precisamos reconstruir a nossa unidade na América do Sul, na América Latina e no Caribe", afirmou Lula, que voltou a defender uma reforma da Organização das Nações Unidas (ONU). 

“Precisamos nos unir inclusive para falar sobre uma nova governança no mundo. A ONU já não representa o que ela representava quando foi criada. A geografia política é outra, mais países precisam entrar. A ONU precisa voltar a ter autoridade para decidir algumas coisas que são importantes. Uma nova governança que tenha coragem de evitar guerras, que pense na construção de um mundo mais justo, mais humano, que pense em acabar com a fome”, provocou o ex-mandatário do Brasil.

Na sua mensagem, Lula também destacou a situação de crise mundial aprofundada pela pandemia de covid-19.

“O novo normal para muitos países é discutir o velho normal, porque no Brasil a fome voltou maior do que quando eu assumi a presidência, o desemprego voltou maior… O novo normal é a gente brigar pela sobrevivência outra vez”, finalizou Lula.

A ex-presidenta Dilma Rousseff chamou atenção para os recentes triunfos de governos progressistas no México, com Andrés Manuel López Obrador, na Bolívia, com Luis Arce, na Argentina, com Alberto Fernández e no Peru, com Pedro Castillo. Segundo ela, estes governantes oferecem um cenário de esperança.

"Nossos países saíram da ditadura e entraram na democracia, democracias que foram atacadas por processos de lawfare e golpes de Estado contra a Venezuela, Honduras, Paraguai, Brasil, Bolívia e agora com ameaças de golpe contra o Peru", denunciou a ex-mandatária.

Durante o debate de abertura, os membros do Grupo de Puebla concordaram que é necessário unir forças contra o avanço de ideologias de extrema direita e do fascismo na região.

Uma das declarações aprovadas nesta quarta-feira (1) condena a perseguição contra jornalistas que participaram da investigação "Pandora Papers", que revelou a relação de 11 autoridades, entre ex-chefes de Estado e ministros em função com empresas em paraísos fiscais. As revelações da investigação jornalística chegaram a resultar na abertura de processo de impeachment contra o presidente chileno Sebastián Piñera. A proposta acabou sendo barrada pelo Senado.

O Grupo de Puebla denuncia que o presidente equatoriano Guillermo Lasso, também citado no Pandora Papers, estaria hostilizando parlamentares opositores da comissão de garantias constitucionais da Assembleia Nacional, que investiga a relação do ex-banqueiro com empresas offshore no exterior.

Saiba mais: Veja o que dizem os presidentes latino-americanos flagrados com empresas em paraísos fiscais.

Após o encerramento do VII Encontro, o Grupo de Puebla emitirá uma declaração final. 

Edição: Arturo Hartmann