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Jovem Pan demite Adrilles Jorge por suposta saudação nazista em debate sobre fala de Monark

Comentarista teria feito gesto de teor nazista com a mão durante programa ao vivo em canal de televisão

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

Ouça o áudio:

Adrilles anunciou demissão em sua conta no Twitter - Reprodução/Twitter e Jovem Pan News

O Grupo Jovem Pan demitiu, na manhã desta quarta-feira (9), o comentarista Adrilles Jorge após o coletivo Judeus Pela Democracia apontar uma suposta saudação nazista feita por ele em programa do canal de televisão Jovem Pan News na noite de terça-feira (8).

O gesto foi exibido no encerramento de um debate sobre as declarações feitas pelo influenciador Monark durante o Flow Podcast, em que ele defendeu a existência de um partido nazista no Brasil. A lei federal 7.716, de 5 de janeiro de 1989, determina que é crime a "veiculação de símbolos, ornamentos, emblemas, distintivos ou propaganda relacionados ao nazismo" no Brasil. A Constituição Federal considera o ato criminoso "inafiançável e imprescritível".

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O anúncio foi feito pelo próprio comentarista em sua conta nas redes sociais. Leia:

Mais cedo, coletivos judaicos cobraram a demissão do profissional. "Já vimos atrocidades serem ditas nesta TV e rádio, mas um 'sieg heil' é absurdo demais, até para a Jovem Pan. Depois de um dia como ontem, após um deputado e um youtuber defenderem a existência do partido nazista no Brasil, Adrilles fez uma SAUDAÇÃO NAZISTA na TV", escreveu o grupo Judeus Pela Democracia.

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Usuários do Twitter identificaram ainda um comentário feito pelo apresentador William Travassos após o encerramento do programa: "Surreal, Adrilles", afirmou o jornalista. Depois disso, Adrilles ri da fala de Travassos.

Pouco antes do anúncio da demissão, em vídeo, a Jovem Pan divulgou posicionamento em que repudia o nazismo e a perseguição de qualquer grupo. A demissão ou o afastamento do comentarista não foram mencionados no comunicado.

"Nossos comentaristas têm independência para emitir opiniões respeitando os limites da lei, opiniões estas que não refletem posições do Grupo Jovem Pan", afirma um jornalista da emissora no vídeo.

O Caso Monark

O Flow Podcast demitiu, na tarde desta terça-feira (8), o youtuber Bruno Aiub, conhecido como Monark, depois que o apresentador defendeu a existência de um partido nazista no Brasil durante entrevista com os deputados federais Kim Kataguiri (Podemos-SP) e Tabata Amaral (PSB-SP), na noite de segunda (7).

Em comunicado publicado nas redes sociais, o Flow Podcast afirmou que "a decisão foi tomada em conformidade com o que determinam todos os preceitos de boas práticas, visão e missão do Estúdios Flow".

Na tarde de terça (8), o Brasil de Fato mostrou que dois patrocinadores, a Flash Benefícios e a Federação de Futebol do Rio de Janeiro, haviam rompido contratos com o Flow Podcast após as declarações.

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Uma das afirmações de Monark apontadas como antissemita no programa foi: “Eu sou mais louco do que vocês. Eu acho que tinha que ter partido nazista reconhecido pela lei”.

Em reação, Tabata Amaral citou o Holocausto na Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Kim Kataguiri chegou a dizer que a Alemanha estaria errada em criminalizar o nazismo. O período foi marcado pelo extermínio de mais de seis milhões de judeus.

Ainda na tarde desta terça, Monark publicou um vídeo em sua conta no Twitter em que pede desculpas e diz que "estava bêbado". Ele também sugere a presença de líderes da comunidade judaica no programa.

O que é o nazismo?

O nazismo prega a destruição de todos os povos e indivíduos que possam "contaminar" a presumida pureza da raça ariana. Essa ideologia foi posta em prática por Adolf Hitler nas décadas de 1930 e 1940 como política de Estado na Alemanha e nos países invadidos pelo ditador.

De 1941 a 1945, seis milhões de judeus foram executados nos campos de extermínio nazistas. O genocídio do povo judeu ficou conhecido como Holocausto e é reconhecido como um dos episódios mais traumáticos da história da humanidade. Entre as vítimas dos nazistas estiveram judeus, negros, gays, pessoas com deficiência física ou mental, ciganos, comunistas e testemunhas de Jeová.

Edição: Rodrigo Durão Coelho