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Artigo | A dupla natureza da guerra na Ucrânia

Após 10 dias de conflito está evidente que não se trata apenas de uma invasão russa a um país; Otan também está inserida

05.mar.2022 às 18h35
São Paulo (SP)
Valerio Arcary

Prédio danificado após bombardeio na segunda maior cidade da Ucrânia, Kharkiv, em 3 de março de 2022. - Sergey Bobok / AFP

"A gente tropeça sempre nas pedras pequenas porque as grandes a gente logo enxerga." Sabedoria popular japonesa

A guerra na Ucrânia passou a ter uma dupla natureza. Ela começou como uma invasão da Rússia. Agora, dez dias depois, são duas guerras em uma só. O que mudou é que a Otan entrou, ainda que indiretamente, na guerra, e isso muda tudo. Não diminui, evidentemente, a necessidade de exigir o imediato cessar fogo e retirada das tropas russas. Mas impõe a necessidade da exigência de fim da escalada da Otan, como o envio de armas, e suspensão de sanções econômicas que atingem o povo da Rússia, não somente Putin e a oligarquia que o apoia. Essa dupla dimensão coloca, portanto, desafios teórico-políticos novos.

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A Ucrânia é um país soberano, economicamente, dependente e, politicamente, com um governo reacionário pró-Otan. Mas, não importa qual seja a caracterização do governo Zelensky, a Ucrânia é uma nação soberana e tem o direito irredutível de se defender e merece solidariedade.

Quem defende a legitimidade da invasão da Rússia afirma que a guerra “começou” quando das mobilizações reacionárias na Praça Maidan em 2014. O argumento impressiona uma parcela da esquerda brasileira, mas não é correto. É verdade que as mobilizações da Praça Maidan foram reacionárias. Nem sempre mobilizações de grandes massas populares são progressivas. Devem ser caracterizadas considerando quatro fatores centrais. Qual é programa, quem são as classes e frações de classe em movimento, quem são as organizações que as lideram, quando existem, e quais são seus resultados.

Em perspectiva histórica, a Ucrânia está em decadência economico-social ininterrupta há trinta anos. Parece claro que a mobilização na Praça Maidan que derrubou o governo de Viktor Yanukovych teve como programa aglutinador a defesa da integração na União Europeia, com a ilusão de que asseguraria uma elevação do nível de vida. Inequivocamente, com imenso apoio popular, a direção foi reacionária, com a presença da extrema-direita e até de grupos fascistas.

Mas a guerra da Ucrânia não começou na Praça Maidan em 2014. Isso é uma “narrativa ideológica” de justificação retroativa. A guerra começou no dia 24 de fevereiro de 2022. A invasão da Ucrânia não responde a compromisso de “desnazificação” da Ucrânia, nem a defesa da autonomia da população de língua russa na Bacia do rio Don, mas a uma estratégia de conquista de uma zona de influência do imperialismo subalterno de Moscou para recuperar uma posição mais forte no Sistema internacional de Estados.

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Mas é necessário destacar que uma semana de guerra equivale a meses em tempos de paz. A realidade já mudou. A guerra já ficou mais complexa, como era previsível, porque se internacionalizou, e adquiriu outra dimensão. Trata-se agora, também, de uma guerra entre a Otan e a Rússia. Mesmo que não haja participação, por enquanto, de tropas norte-americanas e europeias no terreno.

A centralização da Europa pelos EUA obrigando a Alemanha a renunciar ao fornecimento do gasoduto Nord Stream2, a escalada de apoio econômico dos países da Otan ao governo Zelensky, a promessa de envio de armas pesadas, as sanções contra a Rússia como a exclusão do sistema de pagamentos Swift, e as iniciativas nas Nações Unidas, entre outras medidas, confirmam que, à exceção do envio de tropas até a Ucrânia que precipitaria um confronto direto, estão comprometidos até o fim. A Otan entrou na guerra, mas indiretamente.

A Otan não tem compromisso com a defesa dos interesses da Ucrânia. Os EUA não respeitam os direitos nacionais de nações soberanas, nem agora, nem nunca. A estratégia da Otan responde a um projeto da Tríade, liderada pelos EUA, que precipita uma ofensiva de pressão sobre a Rússia, mas até agora não declarou, formalmente, estar em guerra com a Rússia.

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O governo Zelensky implora que a Otan entre na guerra impondo um escudo no espaço aéreo da Ucrânia, o que mudaria tudo. Até agora a Otan recusou. Seria indigno de internacionalistas não reconhecer que a natureza da guerra ficou mais complexa, colocando problemas táticos novos e difíceis, que exigirão serenidade, humildade, paciência e colaboração para resolver. Quando a realidade muda, o programa marxista deve mudar.

Se considerarmos os dois conflitos em perspectiva marxista, há duas dimensões na guerra, por enquanto. Não é uma guerra de defesa da Rússia contra os EUA. Trata-se, neste momento, de uma luta de libertação nacional da Ucrânia contra a Rússia. Mas começou, também, ainda que por procuração, uma guerra indireta da Otan contra a Rússia. A ausência de tropas da Otan no terreno é importante, mas não anula a intervenção.

Quem só considerar uma das dimensões será unilateral, e renunciará a uma estratégia internacionalista. Quem abraçar a caracterização de que a essência do conflito é, somente, a luta de libertação nacional da Ucrânia contra a invasão da Rússia estará cedendo às pressões dos interesses da Otan, que querem reduzir a Ucrânia à condição de Protetorado dos EUA, como tentaram e fracassaram no Iraque e Afeganistão. Quem abraçar a caracterização de que se trata somente de uma guerra inter-imperialista entre Rússia e Otan estará cedendo às pressões de Moscou, e desprezando que Putin já declarou que não reconhece sequer o direito de existência de uma nação ucraniana com soberania sobre seu destino.

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A guerra na Ucrânia não facilita analogias simples. Sendo uma guerra inter-imperialista, como a Primeira Guerra Mundial, os interesses da classe trabalhadora mundial só podem ser defendidos levantando a tática de luta pela paz dos internacionalistas, reunidos em Zimmerwald na Suíça, onde a organização mais importante era a dos bolcheviques de Lenin, que já pensava na necessidade de uma Terceira Internacional, e foi resumida no Manifesto escrito por Leon Trotsky:

“Devemos empreender esta luta pela paz, pela paz sem anexações nem compensações de guerra. Mas tal paz só é possível com a condição de que sejam condenados todos os projetos que violem os direitos e as liberdades dos povos. Essa paz não deve levar nem à ocupação de países inteiros nem a anexações parciais. Sem anexações, nem reconhecidas nem ocultas, e menos ainda subordinações econômicas que, pela perda de autonomia política que acarretam, são ainda mais intoleráveis se possível. O direito dos povos de disporem de si mesmos deve ser o fundamento inabalável na ordem das relações de nação para nação”.

Mas, o problema da guerra na Ucrânia é que não é somente uma guerra inter-imperialista. Permanece justo hierarquizar em primeiro lugar a luta pela paz, e pelo cessar fogo imediato. Mas, só isso não basta. Não se deve agitar somente pela paz, desconsiderando que há um exército de ocupação russo. Exigir uma rendição incondicional da Ucrânia é indefensável. A retirada das tropas russas e o recuo da Otan são a prioridade central.

 

*Valerio Arcary é professor titular no Instituto Federal de São Paulo (IFSP), militante da Resistência/PSOL e autor de O Martelo da história, entre outros livros. Leia outras colunas.

*Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal

Editado por: Lucas Weber
Tags: guerrarússiaucrânia
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