Deu ruim...

"Jamais desistirei", diz Moro após desistir da presidência; ele nega que concorrerá a deputado

Pronunciamento desagradou ala do novo partido que pedirá a impugnação de sua filiação

Brasil de Fato | São Paulo (SP)* |

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A pré-candidatura de Moro não decolou junto ao público e o ex-juiz disse que não concorrerá a deputado - Evaristo Sá/AFP

Sergio Moro declarou nesta sexta (1) que não pretende se candidatar a deputado federal, um dia depois de sair do Podemos para ingressar no União Brasil e dizer que não se candidatará à presidência. O discurso lido por Moro, no entanto, foi pouco esclarecedor. 

"Quero esclarecer que não desisti de nada", disse o ex-juiz de primeira instância, contradizendo sua nota do dia anterior em que afirma que está abrindo mão da candidatura à presidência. "Não serei candidato a deputado federal", completou, negando o que havia sido divulgada por dirigentes de seu novo partido. 

Moro também não revelou qual papel desempenhará nas eleições de outubro. O ex-Ministro da Justiça de Bolsonaro disse estar fazendo um "gesto de humildade" para "unir o centro democrático", e pediu para que os outros pré-candidatos da chamada "terceira via" façam o mesmo. 

"Fui a primeira liderança a fazer esse gesto político em prol da unificação do centro democrático. Precisamos de outros atos de desprendimento, de Luis Felipe D'Ávila, João Doria, Eduardo Leite, Simone Tebet, André Janones e lideranças partidárias para fazer prosperar essa articulação democrática", disparou, sem explicar o que seria feito depois se todos os pré-candidatos aceitassem seu pedido. Veja abaixo:

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Mas uma ala do novo partido de Moro não gostou do pronunciamento e disse que pedirá a impugnação de sua filiação. 

"Vamos apresentar, ainda hoje, um requerimento de impugnação da filiação dele. Será assinado pelos 8 membros com direito a voto no partido, o que corresponde a 49% do colegiado. A filiação, uma vez impugnada, requer 60% para ter validade" disse à CNN Brasil o secretário-geral do União Brasil, ACM Neto.

ACM Neto e outras lideranças que migraram do antigo Democratas para o União Brasil haviam declarado na quinta deixar claro que "o eventual ingresso (de Moro) ao União Brasil não pode se dar na condição de pré-candidato à Presidência da República".

O confuso pronunciamento desta sexta se soma às reviravoltas envolvendo Moro ocorridas no dia anterior. Nas redes sociais, ele confirmou, na tarde de quinta-feira (31), que desistiu da corrida eleitoral e que irá se filiar ao União Brasil.  

“O Brasil precisa de uma alternativa que livre o país dos extremos, da instabilidade e da radicalização. Por isso, aceitei o convite do presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar, para me filiar ao partido e, assim, facilitar as negociações das forças políticas de centro democrático em busca de uma candidatura presidencial única”, publicou em seus perfis na internet.  

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“A troca de legenda foi comunicada à direção do Podemos, a quem agradeço todo o apoio. Para ingressar no novo partido, abro mão, nesse momento, da pré-candidatura presidencial e serei um soldado da democracia para recuperar o sonho de um Brasil melhor”, disse o ex-juiz. 

Mais cedo, o senador Jorge Kajuru (Podemos-GO) declarou que Moro comunicou ao partido a saída da sigla. “Saiu oficialmente, comunicou à presidente do partido, Renata Abreu, agora cedo. Ele está querendo um partido com estrutura financeira que o Podemos não tem", afirmou Kajuru ao jornal O Estado de S. Paulo.  

Dirigentes do União Brasil, no entanto, não estavam dispostos a ter Moro como candidato do partido à Presidência, o que contribuiu para o ex-juiz desistir da candidatura.

Pesquisas de intenção de voto

Outro fator é que desde as primeiras pesquisas de intenções de voto para presidente, Moro girou em torno de 8% e não alavancou. Na última pesquisa, do PoderData, divulgada nesta quinta-feira (31), Moro aparece com 6% das intenções de voto, atrás de Ciro Gomes (PDT), com 7%, Jair Bolsonaro (PL), com 32%, e Lula (PT), na liderança com 41%.  

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Agora, os rumores giram em torno de uma possível candidatura do ex-juiz ao Senado Federal. Até o momento, no entanto, a informação não foi confirmada.

* Com informações da Revista Forum e da CNN Brasil

Edição: Rodrigo Durão Coelho