NESTE DOMINGO

Tensão e denúncias de fraude marcam eleições presidenciais na Colômbia

Pesquisas apontam empate técnico entre Gustavo Petro (Pacto Histórico) e Rodolfo Hernández (Liga)

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Cerca de 39 milhões de colombianos estão habilitados a votar; presidente pode ser eleito com diferença de 300 mil votos - Registro Civil Nacional da Colômbia

Tensão e denúncias de suposta fraude marcam a jornada eleitoral na Colômbia, neste domingo (19). Cerca de 39 milhões de eleitores podem participar do processo eleitoral, o voto é facultativo e impresso. As últimas pesquisas de opinião indicam empate técnico entre Gustavo Petro (Pacto Histórico) e Rodolfo Hernández (Liga), que disputam o 2º turno para a presidência.

Na véspera da eleição foram difundidos vídeos nas redes sociais de uma simulação da votação realizada pelo Poder Eleitoral na qual Hernández saía vitorioso. O Pacto Histórico denuncia que esta seria mais uma evidência da falta de confiança no Registro Civil Nacional. 

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Já no 1º turno, a coalizão de centro-esquerda denunciou que o organismo eleitoral não lhes havia permitido realizar a auditoria do software de contagem dos votos, desenvolvido por uma empresa espanhola.

Em resposta, o chefe do Registro Civil Nacional, Alexander Vega, reiterou que não há risco de fraude. "Recebemos o primeiro informe da empresa de auditoria Mcgregor, que revisou todos os softwares da contratante e determinou que são transparentes e não há inconsistências, apenas coletam os dados e fazem a consolidação", disse em transmissão nacional.

O processo é acompanhado por 2.381 observadores em 376 municípios. A Missão de Obsevração Eleitoral informou que 138 municípios estão em estado de alerta por denúncias de possíveis delitos eleitorais, a grande maioria no departamento de Antioquia, berço do uribismo — corrente política do atual presidente, Iván Duque.

Entre os delitos mais comuns estão a compra de votos ou a pressão pela escolha dos candidatos.

Analistas eleitorais indicam que se a participação se mantiver em torno de 50%, como no primeiro turno, a decisão poderia ser definida por menos de 300 mil votos. 

Diante deste cenário, a MOE recomenda que se a pré-contagem indicar uma diferença inferior a 3% da votação que seja realizada uma recontagem voto a voto em todas as mesas com mais de 200 votos; onde houver registro de reclamação; nas quais um dos candidatos tenha mais de 80% dos votos; ou naquelas com mais de 2% de votos nulos.

O candidato do Pacto Histórico, Petro, votou por volta das 10h (hora local) e voltou a falar no risco de fraude. "As urnas nos esperam para mudar a história da Colômbia. Hoje devemos derrotar qualquer tentativa de fraude com o voto massivo", declarou.

Petro ainda afirmou que sua equipe de campanha já recebeu informação de que "em vários locais de votação recebemos fotos de cédulas de votação já marcadas com voto em branco ou rasuradas com a intenção de anular os votos. Pedimos que os cidadãos estejam atentos".

"As medições nos colocam muito acima do outro candidato e todas serão publicadas. O único que devemos enfrentar é a fraude. Para isso há que votar, cada fiscal  ou testemunha eleitoral deve tirar fotos do formulário E14 da sua mesa e comparar com o que for publicado pelo Registro Civil"

Nas eleições legislativas de março, após denúncias de fiscais eleitorais do Pacto Histórico de que em 18 mil mesas não teriam sido registrados votos para a coalizão de centro-esquerda, foram contabilizados cerca de 500 mil votos que não haviam sido sistematizados na pré-contagem.

O candidato da direita, Rodolfo Hernández, acusa Petro de alarmar uma fraude que, segundo ele, seria impossível.

"A politicagem está desesperada com a possibilidade de que um cidadão comum chegue ao Palácio de Nariño pela primeira vez na história e estão apelando a tudo para impedir. Não sou de direita, nem de esquerda, sou a resposta que esperava a maioria da Colômbia", disse o empresário.

"É hora de eleger um homem como vocês, que só quer acabar com a corrupção e conduzir a Colômbia adiante"

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Perseguição

Na última quinta-feira (16), o Executivo decidiu militarizar 50 municípios em 12 departamentos do país, como parte do "Plano Democracia 2022", com o envio de 80 mil soldados e 94 mil policiais.

Além disso, foram executadas prisões de jovens líderes políticos. Em Bogotá, Cali, Popayán e Bucamaranga cerca de 40 jovens foram presos acusados de participar de atos de "vandalismo" durante a greve geral de 2021.

Uma testemunha eleitoral do Pacto Histórico foi assassinada com disparos de arma de fogo no município de Guapi, departamento de Cauca e um soldado foi morto no departamento de Caquetá. O ministério do Interior declarou que irá investigar se os homicídios estão relacionados com as eleições.

As urnas estarão abertas até as 18h (horário de Brasília) e os primeiros resultados devem ser divulgados às 19h. A posse do novo presidente será dia 7 de agosto.
 

Edição: Thales Schmidt